Autoeuropa
aumenta salários restantes empresas pagam pelo mínimo
O acordo entre trabalhadores e Autoeuropa está fechado. A empresa aumenta o
salário já este mês e também em Outubro, mantêm os 25 dias de férias, aumenta o
subsídio de transporte e continua a subsidiar os trabalhadores estudantes e os
filhos dos trabalhadores no primeiro ano escolar. Mas no mesmo parque
industrial há empresas e trabalhadores em grande dificuldade. Os salários
praticados em empresas fornecedoras da Autoeuropa “estão ao nível dos
praticados no arranque da fábrica, há vinte anos”. A denúncia parte do
Sindicato das Indústrias Transformadoras do Sul que já pediu a intervenção da
Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).
Ordenados na Autoeuropa sobem este mês e em Outubro |
A partir deste mês, os salários dos mais de 3500 funcionários da
Autoeuropa, em Palmela, aumentam 1,6 por cento e outro 1,6 por cento em Outubro
deste ano, sendo que "todos os trabalhadores que se encontram nos pontos
salariais de admissão são abrangidos".
Além disso, e apesar de o número de dias de férias ter sido reduzido este
ano para para 22, os trabalhadores de Palmela continuam a gozar 25.
O pré-acordo negociado entre a Administração e a Comissão de Trabalhadores
da Autoeuropa prevê ainda outros benefícios: subsídio anual de 350 euros para
os trabalhadores-estudantes; aumento do subsídio de transporte em 2,5 por cento;
distribuição de material escolar para os filhos dos trabalhadores que iniciam o
primeiro ciclo do ensino básico e melhoria nos descontos para aquisição de
viaturas da marca.
"Mantêm-se em vigor outros benefícios aprovados em acordos anteriores
e que não foram objecto de revisão neste acordo, como a utilização de cartões
de combustível e telemóveis”, clarifica a comissão de trabalhadores da empresa.
O texto do pré-acordo salienta ainda que a empresa se compromete a não
fazer nenhum processo de despedimento colectivo até 31 de Dezembro de 2014, ou
seja, nos próximos dois anos, e caso se verifiquem alterações significativas na
situação da empresa ou de contexto, as duas partes avaliarão as melhores
soluções.
Também durante o período de vigência do acordo, "a empresa
compromete-se a avaliar a viabilidade de converter contratos temporários em
permanentes".
“Centenas estão com salários abaixo do limiar da pobreza”
Trabalhadores de outras empresas do parque com dificuldades |
Mas apesar dos aumentos em Março e Outubro estarem garantidos na
Autoeuropa, outras empresas do parque industrial de Palmela vivem dias muito
difíceis.
“Centenas de trabalhadores estão com salários abaixo do limiar de pobreza,
apesar de estarem a trabalhar para os fornecedores da Autoeuropa.” Quem o
garante é o Sindicato das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do
Ambiente do Sul.
Segundo o sindicato, “na quase totalidade das empresas fornecedoras e
instaladas no parque industrial (Quinta da Marquesa, em Palmela) praticam-se
salários de admissão na ordem dos 500 euros, e as empresas de trabalho
temporário celebram contratos com as empresas utilizadoras, para pagarem apenas
os dias úteis de trabalho realizado, numa clara violação da lei”.
Pela explicação dada pelo Sindicato das Indústrias Transformadoras, os
trabalhadores temporários ou com contrato a termo têm uma retribuição e
direitos inferiores face aos demais da empresa utilizadora.
“Ou seja, enquanto aos trabalhadores efectivos é pago o salário total nos
dias de paragem da Autoeuropa, os restantes trabalhadores ficam em casa por
ordem da entidade patronal, sendo-lhes descontado esse dia no salário mensal”,
garante o sindicato.
Por exemplo: em Janeiro, a Autoeuropa só teve 16 dias úteis de trabalho. Em
termos reais para os trabalhadores com contrato precário e salários na ordem
dos 500 euros, “apesar de terem sido obrigados a ficar em casa, mesmo contra a
lei, depois de contas feitas, levaram 311 euros”, explica o sindicato.
Pior ainda são os rendimentos desses mesmos trabalhadores em Fevereiro,
porquanto os dias de trabalho foram apenas 14.
O Sindicato rotula esta situação de “ilegal” e garante já ter solicitado a
intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) que, segundo
adiantou “obrigou as empresas a repor o dinheiro, mas a ilegalidade continua”.
Agência
de Notícias
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