Nós e as Cidades por Miguel Macedo


Vale a pena usar drogas? 

Desculpem, mas a minha tolerância para com os jovens que apesar de tantos avisos caem na esparrela das drogas (em que incluo o tabaco e o álcool), é baixa. Percebo perfeitamente os motivos que levam a ter vontade de experimentar substâncias que num primeiro momento pintem a realidade de cores mais alegres, mas entendo mal  a megalomania que os leva a acreditar que vão ser capazes de controlar o consumo e evitar a dependência.


E confesso a minha desilusão com as raparigas, que nas últimas décadas se têm revelado tão capazes e empreendedoras, mas que parecem não resistir a repetir os erros do sexo masculino, provavelmente ainda com mais empenho, como habitualmente é seu timbre. Mas a tolerância é zero para com os adultos. Sinto uma gigante irritação quando confirmo que um grande número de adolescentes acredita que o consumo de drogas ilegais é permitido, confundindo descriminalização e despenalização. Para essa confusão contribuíram os políticos e os “especialistas” que reagiram à nova lei gritando aos quatro ventos que em Portugal a droga era livre. Tanto gritaram, que houve quem acreditasse e agora podem estar certos que hão-de vir por aí felizes com os novos dados, como quem vê a profecia realizada. Igualmente irresponsáveis foram aqueles que se gabaram das suas experiências com a canábis, e repetidamente proclamaram a inocência das drogas a que perversamente chamaram “leves”. E não escapam à minha indignação os governantes que na ânsia doentia de marcar o seu reinado com novas siglas, começando sempre tudo da estaca zero, destroem o esforço de prevenção que dava resultados. 
E falta-me só desancar nos pais: cabe-nos ser mais próximos, mas também mais firmes. Porque afinal a droga – leve ou não – causa dependência, leva à violência e aos roubos e também mata. Que digam as famílias do António e Cristiana, dois dos meus amigos de infância que se perderam nas drogas ditas leves e faleceram. Um de overdose e a outra, num assalto para ter mais dinheiro para matar o vício, acabou ferida e faleceu num hospital.




Miguel Macedo
Estudante de Arquitectura
Montijo 

(Nós e as Cidades é uma rubrica sobre urbanismo, reflexões,  mobilidade e bem-estar, que será publicado à quarta-feira  no ADN)

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