Cervejeiras queriam Estivadores a trabalhar


Governo recusa requisição civil exigida por cervejeiras

Os agentes de navegação pressionam o governo para nomear administrações portuárias e tentar travar as greves. Associação Portuguesa dos Produtores de Cerveja pede ao governo que intervenha, já que as greves estão a afetar drasticamente a exportação de cerveja a aumentar os custos em milhões de euros, mas o executivo mantém-se inflexível e nem vai obrigar os estivadores a trabalhar mais. Resultado liquido: as exportações caíram 6,5 por cento em Setembro. Fruto da crise da Europa e da paragem, desde Agosto, dos principais portos de mar.



Greve de Estivadores está a causar prejuízos de milhões às empresas

É cada vez maior o número de empresas a defender a requisição civil de trabalhadores dos portos nacionais. Agora é a APCV – Associação Portuguesa dos Produtores de Cerveja que pede ao governo que intervenha, mas o executivo mantém-se inflexível.
O sector cervejeiro argumenta que as greves estão a prejudicar fortemente as exportações e garante que a manter-se o cenário actual as empresas poderão ter custos extraordinários de entre cinco e dez milhões de euros.
As cervejeiras estão já a considerar a exportação a partir dos portos espanhóis mais próximos, como o da Galiza, para assegurar a expedição dos seus produtos.
Embora a greve esteja a afectar sobretudo os portos de Lisboa, Setúbal, Aveiro e Figueira da Foz, a capacidade dos portos de Sines e Leixões, que estão a movimentar mais carga do que nunca, começa a estar comprometida.
Os associados da APCV dizem que os custos unitários de transporte são agravados 300 por cento sempre que é necessário desviar a exportação de cerveja de Lisboa e Setúbal para Leixões, por exemplo. A isto juntam-se os custos de armazenamento e transporte, que representam uma factura de mais de três milhões de euros desde o final de Agosto, altura em que se iniciaram as greves dos estivadores. Mas há outras dificuldades, como encontrar contentores disponíveis.

Governo diz que os serviços mínimos estão a ser cumpridos
O secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Sérgio Silva Monteiro, já disse e mantém que, apesar do que pensa a indústria e o comércio, os trabalhadores portuários estão a cumprir os serviços mínimos, pelo que até aqui não há base legal para a requisição civil.
O diploma que vai regular a actividade portuária, e que tem como objectivo reduzir os custos das exportações e criar mais emprego, está actualmente para aprovação na Assembleia da República.
As novas regras foram discutidas com os sindicatos dos estivadores, mas alguns recusaram-se a negociar. Lisboa, Setúbal e Figueira da Foz queriam agora uma nova hipótese, mas o governo diz que é tarde de mais.


Agepor quer novas administrações nos portos
Também a Agepor – Associação dos Agentes de Navegação de Portugal pede ao governo que nomeie rapidamente administrações para os diversos portos nacionais, cujos mandatos terminaram há mais de um ano.
“Não há memória de uma situação como a que estamos a viver”, disse ao i o director-executivo da Agepor, António Belmar da Costa. Para este responsável, “as administrações portuárias são mais um parceiro para ajudar a encontrar soluções para uma crise que tem mais de político que laboral”.
Fonte do Ministério da Economia alega que não faz sentido o governo nomear novas administrações numa altura em que está a redesenhar o panorama dos portos a nível nacional.

Greve ajuda na quebra da exportações nacionais
Crise espanhola, abrandamento do motor alemão e greve nos portos, levam à primeira queda das exportações nacionais, desde 2009. De acordo com o jornal I, em Setembro as vendas ao exterior caíram 6,5 por cento em relação ao ano passado. Embora o abrandamento já fosse esperado, esta queda mensal nas exportações foi a primeira desde 2009.
A Espanha e a Alemanha, principais destinos das exportações nacionais, são também os principais responsáveis pela queda das vendas verificada em Setembro.
No entanto há um outro fator que está a exercer pressão sobre as exportações, e que se trata de uma fator interno. A reforma do setor portuário, anunciada em Agosto, que visa reduzir os custo da operação em 30 por cento sendo um dos elementos chave do plano a flexibilização laboral na estiva, provocou uma vaga de greves que está a fazer mossa nas exportações, adianta o jornal I.
Prova disso é a quebra de 10 por centro verificada nos movimentos dos portos portugueses em Setembro.

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Paulo Jorge Oliveira 

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