"Este Governo não tem educação"
Várias centenas de alunos do Ensino Superior partiram,
esta quinta-feira, cerca das 15.15 horas do Marquês de Pombal rumo ao
parlamento, numa marcha de protesto contra os cortes no setor previstos no
Orçamento do Estado que os deputados estão discutir.
![]() |
Centenas de Estudantes saíram hoje à rua a protestar contra OE2013 |
Concentrados desde cerca das 14.30 horas ao fundo do
Parque Eduardo VII, os manifestantes vieram de Lisboa, Porto e de outras
instituições do país, como a Universidade do Minho, a Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro ou Escola Superior de Artes e Design das Caldas da
Rainha.
Bruno Pacheco, estudante de arqueologia da Faculdade
de Letras da Universidade do Porto (FLUP), disse à agência Lusa que o protesto
tem por alvo medidas como os "cortes nas bolsas, os atrasos no seu
pagamento e os critérios injustos para a sua atribuição".
Com outros alunos, segura uma faixa dirigida aos
deputados, com a inscrição "A FLUP chumba o vosso orçamento".
A seu lado, Cláudia Campos, da Faculdade de Direito da
Universidade do Porto, afirmou que este Governo está "mais preocupado em
pagar os juros à troika do que com a Educação". E assim, prosseguiu,
"o ensino nunca será digno e gratuito como estabelece a Constituição da
República Portuguesa".
Questionado sobre a ausência da Federação Académica do
Porto e das principais associações académicas nacionais, Bruno Pacheco afirmou:
"A FAP mostra sempre esta atitude, retrai-se e esconde-se na toca". "A
austeridade não leva a lado nenhum. Os estudantes têm de marcar uma posição na
sociedade e porem-se ao lado das pessoas que já estão num ponto de
saturação", justificou.
Falta
de associações estudantis retira mais força
Joana Baião, aluna de mestrado em psicologia cognitiva
e proteção de menores no ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa, lamentou
"o aumento constante" das propinas, indicando que para os alunos de
mestrado este valor já é superior a 3 mil euros, o que impossibilita muitas
pessoas de continuar os estudos.
Relativamente à ausência de associações académicas,
admitiu que "retira alguma força a este protesto", mas salientou que
numa democracia todos têm direito à sua posição.
Da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,
Miguel Troncão, segurava um cartaz em que se lia "A fusão não é
solução", em referência ao projeto de união da Universidade de Lisboa com
a Universidade Técnica de Lisboa. "As universidades vão juntar-se, mas
isso não vai trazer mais dinheiro. Só vai trazer gastos maiores", disse.
Este aluno de estudos ingleses afirmou que não faltam
razões aos estudantes universitários para protestarem, desde o fim dos passes
para estudantes, ao aumento das propinas para ajudar os alunos mais
carenciados, uma medida da sua faculdade que considera errada porque "esse
não é o trabalho dos alunos".
Relativamente à posição das associações académicas,
Miguel Troncão afirmou que esperar nesta altura "não vai trazer
nada". "Outras lutas se fizeram, e a tanto custo, para ter poucos ou
nenhuns direitos. Esperar é o mesmo que estar parado e vir à luta é a única
opção", declarou.
No trajeto para a Assembleia da República, os
estudantes gritam palavras de ordem como "A propina dói" e "este
Governo não tem educação".
Agência de Notícias
Comentários
Enviar um comentário