Autoeuropa vai investir 49 milhões em Palmela


Fábrica está na corrida pela construção de um novo modelo VW

A Autoeuropa apresentou um pedido de incentivos financeiros para a realização de um investimento de 49 milhões de euros para a inovação e optimização dos processos produtivos. A candidatura foi apresentada no quadro do Sistema de Incentivos à Inovação do QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional) e foi declarada de interesse estratégico, de acordo com um despacho dos secretários de Estado adjunto da Economia, António Almeida Henriques, e do Empreendedorismo, Carlos de Oliveira.

Autoeuropa prepara-se para investir mais em Palmela 

Este novo investimento tem como objectivo aumentar a qualidade de produção da fábrica de Palmela, e ao mesmo tempo reforçar a sua competitividade face a outras unidades industriais do Grupo Volkswagen. A finalidade assumida no despacho é o de posicionar Palmela para a “futura atribuição a Portugal da produção de novos modelos”.
António Chora, da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, diz que o projecto na área da pintura já estava em cima da mesa e que era defendido pelos colaboradores como essencial para repor o nível de competitividade da fábrica dentro do grupo Volkswagen, para além de reduzir o risco de doenças profissionais. “É um bom sinal”, adiantou ao jornal i, numa altura em que Palmela procura conquistar um novo modelo que assegure a sobrevivência da fábrica para além de 2015. A Volkswagen terá a concurso a escolha de uma unidade não alemã para a produção de um novo veículo, mas não há mais informação sobre as características deste modelo ou que unidades estão a competir por ele. Fora da Alemanha, o grupo tem quatro fábricas da marca VW: Portugal, Espanha, Polónia e Eslovénia. Se é certo que o reforço da competitividade da fábrica portuguesa é importante para este objectivo, a decisão final acaba por ser também política no sentido de que o grupo também decide em que geografias quer continuar a produzir.

Alemanha investe mais
A data do despacho, publicado esta semana, é de 6 de Novembro, uma semana antes da visita oficial da chanceler alemã a Portugal. Merkel veio acompanhada com vários empresários e era conhecido o interesse de empresas alemãs em reforçar o investimento em Portugal. A Volkswagen era uma dessas empresas. A Continental Mabor, também referida pelo presidente da Aicep, Pedro Reis, recebeu no final de Outubro a luz verde para um incentivo financeiro de 15,4 milhões de euros para um investimento de 61,3 milhões de euros na produção de pneus. A Bosh está estudar Portugal, em conjunto com outro destino, para a instalação de uma nova unidade.
O projecto em Palmela prevê investimentos em três áreas: tecnologias de informação e em sistemas de tecnologia mais avançados visando eliminar desvantagens competitivas face a outras fábricas, na pintura interior e exterior dos automóveis, com a automação do método de aplicação de tinta que terá impacto forte na qualidade do produto final, e ainda na área de cunhos e cortantes, que é responsável pela execução de moldes para estampagem de peças.

Projecto assegura mais postos de trabalho
Não é quantificado o impacto esperado a nível do emprego, embora se preveja que os efeitos do projecto permitam reafectar recursos humanos e possibilitem a criação de novos postos de trabalho altamente qualificados em particular nas actividades de cunhos e cortantes e tecnologias de informação. O projecto terá também uma componente de formação. Existem outros investimentos na calha, mas só poderão avançar quando houver garantias de produção de novos modelos. Actualmente, a Autoeuropa emprega cerca de 3600 trabalhadores, um quadro que se tem mantido estável, no quadro de um acordo de empresa.
O investimento deverá ainda ter efeito de arrastamento na rede de fornecedores locais e nacionais da Autoeuropa, criando novas oportunidades de negócio nas áreas de pintura de veículos e tecnologias de automação.
Com a contribuição deste novo investimento, prevê-se que a Autoeuropa possa alcançar um volume de vendas de 16 mil milhões de euros entre 2011 e 2020, o que representará um valor acrescentado bruto de 1,9 mil milhões de euros. O impacto nas exportações de produtos de alta intensidade tecnológica é também um dos argumentos para qualificar este projecto como de interesse estratégico para a economia nacional e local.

Agência de Notícias 

Comentários