Pena Solta por Lia Santos


A Ponte...
Sinto que as vezes me bate um medo, um medo de enfrentar tudo isto sozinha de peito. Sinto que a vida se resume nisso, no simples fato de encarar tudo, sem jeito, sem modo, como sempre quis. E se não fizer bem?, de nada valerá.


De nada valerá todo o esforço, todo o sopro de vida  que nos alimenta sem vermos ou dar-mos conta...Sinto que a vontade de chorar é normal, o sentimento é real e transforma-me a cada momento. Faça o que fizer não posso mudar o certo… Sinto a emoção de criar algo que contribua com o mundo, mas também sinto o medo de uma criança ao ver tamanha multidão olhando-me a caminhar. E se eu cair, vão reparar? se eu vencer, vão me olhar?, mas se eu não cair, de nada valerá...Sinto que tudo se resume nisso, numa bela canção, com inicio e fim, mas não somente, porque se fizer tudo que tem que fazer, tudo valerá a pena, até depois que terminar todo o sopro de vida, quem sabe o que virá, mas que venha com muita emoção, assim como toda minha vida. Criei um mundo que era só meu, com muros e grades, mas sempre quis que lá houvesse uma ponte! Sempre... só que bem no fundo, mesmo no fundo.... A ponte poderia trazer alguém do mundo exterior ao que tinha construído... e isso implicava grande força de mim! Implicava: Aprender amar a vida...E fui aprendendo, bem ou mal, não sei. Se aprendi? Sim, aprendi!... Tudo? Não! Isso não!
Ainda tenho um caminho a percorrer... e nesse caminho sei algumas das coisas que tenho de mudar... Tantas! E na ponte que construi, foi chegando gente, umas passaram, outras ficaram... mas todas deixaram marcas! e com elas... aprendo a viver! E nessa ponte ... continua a chegar gente, pessoas que entram directamente ao coração sem pedir licença... e depois...chega aquela especial que me mostra o fim e ao mesmo tempo o inicio de uma nova etapa...mas só depende de nos! Já não sei o que é dia ou noite, o que e frio ou quente...já não sei distinguir cores e sabores...já não sei como me sinto apenas sei que estou bem...não sei onde estou mas sei onde quero ficar...finalmente acabei a ponte que construi toda a minha vida e no fim dela encontrei o motivo dela...Não tenha medo de falhar.
Se falhar, não tenho medo de chorar. Se chorar, repenso a minha vida, mas não recuo...De sempre uma nova  oportunidade a mim mesma...Luto sempre pelos seus sonhos. Sou profundamente apaixonada pela vida...Pois a vida é um espetáculo imperdível! E ao teu lado a peça termina...e depois?
Que seja encaminhada minha alma, e protegida das pedras. Quando acordar sei que vou ter a minha volta a força de quem me estima, vou ter o sorriso de quem me ama e a mão de quem me criou... porque, acredita, pouca gente ou ninguém se importa de sentimentos… Quando o dia brilhar, que eu tenha vontade de ver a noite em que a caminhada será mais fácil e mais amena, quando for noite, porém e a escuridão tornar mais difícil a chegada, que eu saiba esperar o dia como aurora, o calor como bênção... Que eu perceba que a caminhada sozinha pode ser mais rápida mas ao teu lado é mais segura...Assim mais digo... mais vale viver um sonho a dormir e sobreviver a realidade do que deixar de sonhar...e depois? Depois torno-me uma criança pronta a crescer ao teu lado...


Lia Santos 
Lisboa 

Pena Solta, uma rúbrica que busca os pensamentos da alma e os cruza com experiências de vida e vivências, com assinatura de Lia Santos

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