Nós e as Cidades por Miguel Macedo


Lisboa, a cidade suja

Lisboa transformou-se numa das cidades mais sujas de Portugal. Estamos em crise e a Câmara Municipal de Lisboa teve que fazer cortes. Mas a solução encontrada é anedótica. Decidiram separar o lixo em três contentores diferentes (louvável em nome do ambiente), os ditos contentores do lixo são metidos dentro dos prédios e a recolha faz-se três vezes por semana.

Uma óptima solução para os prédios novos, mas como infelizmente Lisboa é uma cidade de prédios velhos e a cair o resultado é que a maioria dos prédios mal têm espaço para os ditos, e o lixo acumula-se deixando um cheiro insuportável e o aparecimento de ratos, gatos vadios e cães que as pessoas, em nome da crise, abandonam. A cidade está repleta de uma população envelhecida, que agora ficou refém do lixo portas a dentro.
O resultado está à vista. Onde houver um contentor no passeio, em poucas horas são colocados dezenas de sacos de plástico que os gatos abandonados fazem o favor de rasgar e espalhar o conteúdo pelo chão. E se o contentor estiver cheio não faz mal, as pessoas mal educadas metem o lixo no chão. Daí ao vento levar a porcaria rua abaixo e rua acima, é um passo rápido. As sarjetas não só estão repletas de folhas, mas agora também de lixo. No dia em que a chuva começar a cair em Lisboa, todos vão gritar ‘aqui del rei’. Esperem e vão ver. A isto chamo falta de planeamento urbano. 
Claro que isto não se passa nas zonas recentemente construídas, que têm contentores próprios. Mas quantas zonas destas há em Lisboa? Doí ver a capital de Portugal assim. É uma vergonha ver os turistas passearem no meio de resto de comida. Mas acima de tudo, isto é um caso de saúde pública. A falta de dinheiro não deve nem pode justificar tudo.


Miguel Macedo
Estudante de Arquitectura
Montijo 

(Nós e as Cidades é uma rubrica sobre urbanismo, reflexões,  mobilidade e bem-estar, que será publicado às terças-feiras no ADN)

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