Incidente no Parlamento com empresários aos gritos


"Baixem o IVA já!"

“Tenham vergonha!", "Abaixo PSD e CDS!", "Fascistas!", "Baixem o IVA já!" - as palavras exaltadas saíram das bancadas do público, na Assembleia da República, no final de um debate sobre o IVA da restauração. O incidente obrigou António Filipe, o presidente do Parlamento em exercício, a interromper os trabalhos por "falta de condições", enquanto a polícia retirava os espectadores da bancada. Tudo aconteceu no final de um debate sobre as propostas do PS, PCP, BE e Os Verdes para a reposição do IVA da restauração nos 13 por cento. Propostas que só serão votadas na 6ª feira, mas que já têm destino traçado: o chumbo, com os votos contra do PSD e do CDS. Os dois partidos que foram alvo da revolta dos empresários da restauração, associados da AHRESP - Associação da Hotelaria, Restauração e Similares. Muitos usavam t-shirts negras com a inscrição "Baixar o IVA já!"

Gritos obrigaram trabalhos a pararem no Parlamento 

O debate parlamentar sobre a redução do IVA na restauração para 13 por cento terminou, esta quarta-feira, com gritos de indignação dos empresários do setor que se encontravam nas galerias. A agitação interrompeu a sessão durante alguns minutos.
Vestidos com t-shirts com a frase "Baixar o IVA já" escrita, alguns empresários exaltaram-se no final do debate e gritaram para os deputados da maioria: "Tenham vergonha" e "abaixo PSD e CDS".
Esta agitação levou a que a sessão plenária tenha sido interrompida por alguns minutos.
No debate desta quarta-feira, foram apresentados os projetos de Lei do Bloco de Esquerda, Verdes e PCP e o projeto de resolução do PS para que o imposto sobre o valor acrescentado (IVA) seja reposto nos 13 por cento. No debate, este cenário foi afastado pelo PSD e CDS-PP.
Na sua intervenção, o deputado social democrata Vírgilio Macedo afastou a intenção de baixar o IVA na restauração enquanto Portugal estiver em período de ajustamento, mas disse que "logo que a condição financeira do país permita a bancada parlamentar do PSD será a primeira a apresentar propostas" para a sua redução.
"A matriz ideológica desta bancada parlamentar é contra o aumento dos impostos" e "reconhece a importância do setor da restauração, mas também reconhece que, dada as contingências financeiras que o país atravessa, o Governo viu-se obrigado a fazer uma alteração do IVA", disse o deputado.
"É importante realçar que a conjuntura do país obrigou o Governo a pedir um conjunto sacrifícios adicionais a todos os portugueses" e "estamos convictos que também os empresários do setor da restauração estão disponíveis para efetuar os ajustamentos necessários nos seus negócios de modo a contribuir para o esforço coletivo do ajustamento" e manterem o seu negócio em atividade e com rentabilidade, acrescentou.
Embora tenha reconhecido que algumas empresas tenham registado uma diminuição das suas vendas, Vírgilio Macedo disse que "não é menos verdade que essa retração foi consequência dos consumidores estarem hoje mais prudentes nos seus hábitos e padrões de consumo", afirmação que gerou um coro de protestos nas bancadas da oposição e nas galerias.

Aumento do IVA não gerou falências
Aliás, mais do que uma vez os empresários do setor da restauração, que integravam uma comitiva da AHRESP - Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, foram advertidos para não se manifestarem nas galerias.
O deputado do PSD recusou "liminarmente" que tenha existido um "número exponencial de falências" devido à subida do imposto sobre o consumo e afastou a "ideia completamente errada" de que o IVA tenha provocado uma diminuição da receita fiscal, argumentando com dados da secretaria do Estado dos Assuntos Fiscais.
Dirigindo-se ao PS, o deputado do CDS-PP Helder Amaral, questionou: "Quando inscreveram no memorando da 'troika' a assunção que tínhamos de encontrar 410 milhões de euros de receitas em IVA aonde é que era possível para encontrar soluções? Se não era na restauração, então era aonde?".
Esta afirmação levou a deputada socialista Hortense Martins a responder: "Não está no memorando, é uma questão política, fica-lhes bem assumir, de contrário estão a enganar os portugueses".
Os empresários do setor assistiram ao debate, uma vez que também entregaram uma petição da iniciativa da AHRESP contra o aumento do imposto nos serviços de restauração e bebidas.
Os projetos de Lei e projeto de Resolução são votados na sexta-feira.

Estado perde 854 milhões se insistir em IVA a 23% na restauração

A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal defendeu, esta quarta-feira, que as contas públicas vão sofrer um impacto negativo até 854 milhões de euros, se o Governo mantiver, em 2013, a taxa de IVA nos 23 por cento.
O estudo sobre o impacto do IVA neste setor, encomendado pela associação à consultora PricewaterhouseCoopers, calcula que o aumento do IVA vai ter "um efeito líquido" na Segurança Social de - 485 milhões de euros, no subsídio de desemprego de -330 milhões de euros, na redução da Taxa Social Única (TSU) por empregado de -49 milhões de euros e na redução da Taxa Social Única (TSU) por empresa de - 106 milhões de euros.
No estudo que é divulgado, esta quarta-feira, a AHRESP defende que a manutenção da taxa de IVA nos 23 por cento traduz-se numa receita adicional de apenas 399 milhões de euros, "manifestamente insuficiente para compensar as perdas de 854 milhões de euros, o que vai continuar a provocar uma pressão significativa nas empresas do setor".

Agência de Notícias


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