Tugaleaks apresenta queixa contra Passos Coelho no Pinhal Novo

Tugaleaks quer que tribunal declare primeiro-ministro "mentiroso" e o exonere do cargo

O movimento cívico Tugaleaks apresentou no domingo, na GNR do Pinhal Novo, uma queixa contra o primeiro-ministro, para demonstrar em tribunal que Passos Coelho, e o seu Governo, mentiu aos portugueses e exigir a sua exoneração. Apesar de reconhecer que mesmo que consigam avançar com o processo em tribunal este poderá desenrolar-se durante anos, e muito para além do tempo de governação de Pedro Passos Coelho, Rui Cruz, criador do movimento, defende que não deve ser abandonado porque existe "uma responsabilidade que tem que se apurar a bem da transparência política".


Tugaleaks quer responsabilizar primeiro-ministro por "falta de palavra"

"Nós pretendemos provar que a informação veiculada antes e depois da campanha não está de acordo com aquilo que foi prometido aos portugueses. Os portugueses foram enganados, os portugueses não têm qualquer controlo agora que o Governo está no poder”, começa por dizer Rui Cruz, fundador do movimento Tugaleaks. E por isso, diz, “vamos tentar usar a lei para mostrar que o que está a ser feito não corresponde à verdade, exigir explicações e se possível a exoneração do cargo de primeiro-ministro", explicou hoje à agência Lusa o fundador do movimento.
Para Rui Cruz, o movimento define-se como defensor da verdade da informação, e que está ativo na Internet através do seu portal e da sua página no Facebook, Passos Coelho não tem cumprido aquilo que prometeu aos portugueses, apontando-lhe muitas diferenças no discurso pré-eleitoral e pós chegada ao Governo.
"Durante alguns anos nós tínhamos visto Passos Coelho dizer uma coisa e foi para o Governo dizer exatamente outra. Quando agora dizem que vão cortar nos rendimentos, na campanha disseram que não o fariam", apontou o líder da Tugaleaks.
Rui Cruz recusou adiantar pormenores sobre as especificações da queixa, dizendo que só serão prestados esclarecimentos sobre a "queixa exata" depois de contactado o advogado e de a GNR submeter a queixa a tribunal.

As razões da queixa
Na sua página na Internet, onde revelaram a apresentação da queixa e explicam as suas motivações, os responsáveis pelo movimento apelam também à participação dos cidadãos, pedindo que procurem evidências de que as declarações de Passos Coelho são contraditórias e não correspondem à verdade e que se voluntariem como testemunhas do processo, fornecendo dados de contacto para anexar ao processo.
"Um dos exemplos apresentados na referida queixa é o que Passos Coelho no dia 24 de Março de 2011 proferiu perante a comunicação social em visita a uma escola, 'se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal ainda, a minha garantia é de que ela seria canalizada para os impostos sobre o consumo e não para impostos sobre o rendimento das pessoas'. No dia 7 de Setembro, Pedro Passos Coelho disse exactamente o contrário, quando afirmou que 'o Governo decidiu aumentar a contribuição para a segurança social, exigida aos trabalhadores do sector privado, para 18 por cento". Desta forma alterou o "imposto" sobre o rendimento", lê-se na página do Tugaleaks, a título de exemplo.

Advogados para defender a causa “procuram-se”
Movimento tem estado ativo em diversas manifestações 
O movimento Tugaleaks apela ainda à colaboração 'pro bono' de todos os advogados que se mostrem disponíveis para ajudar no processo. No portal na Internet, o movimento adianta que ainda esta semana será pedido um advogado oficioso à Segurança Social.
Rui Cruz adiantou que já 10 testemunhas se disponibilizaram para participar no processo e que deram início a conversações com um advogado que também se mostrou disponível para ajudar o movimento.
"Já temos 10 testemunhas que deram o nome, morada e contacto para testemunharem sobre Passos Coelho ter dito uma coisa e depois ter dito outra. Estamos a apelar aos advogados. Pretendemos que cada pessoa esteja protegida de forma 'pro bono' (gratuita] contra qualquer eventual represália política que possa sofrer", declara Rui Cruz.
Apesar de reconhecer que mesmo que consigam avançar com o processo em tribunal este poderá desenrolar-se durante anos, e muito para além do tempo de governação de Pedro Passos Coelho, Rui Cruz defendeu que não deve ser abandonado porque existe "uma responsabilidade que tem que se apurar a bem da transparência política".
"Se houver exoneração do cargo, mesmo já não o ocupando, as medidas tomadas poderão ser revistas ou anuladas. É uma coisa que em tribunal nacional provavelmente não será feito, mas pretendemos, se preciso for, recorrer ao tribunal europeu para fazer valer os nossos direitos", concluiu.

Movimento criado por pinhalnovense
O movimento Tugaleaks nasceu em Dezembro de 2010, depois de Rui Cruz, residente em Pinhal Novo, ter criado o primeiro mirror em Portugal da Wikileaks. Segundo o fundador, o movimento reúne membros de todo o país mas muitos preferem o “anonimato”, sendo Rui Cruz quem “dá a cara” pelo Tugaleaks.
Na sua pagina oficial – www.tugaleaks.com – a organização explica que o movimento é “um repositório de informações online sobre a verdade da informação, leaks, protestos, movimentos cívicos e noticias em geral que os media não divulgam. Pautamo-nos pela liberdade, e assumimos que todos têm direito á informação, seja ela boa ou má, para fazerem as suas próprias escolhas pela vida fora”.
Recentemente o movimento participou no protesto contra o fim da RTP2 e a concessão/privatização da RTP1 e vai marcar presença no protesto de 15 de Setembro, em Lisboa, contra as políticas de austeridade deste Governo e contra a troika. 

Agência de Notícias 

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