Nós e as cidades por Miguel Macedo


Os Passos trocados

A baixa da TSU está a ser vista como solução para reduzir o défice de 2013, em resposta à decisão do Tribunal de Contas e às reservas do Presidente.


A baixa da TSU está a ser vista como solução para reduzir o défice de 2013, em resposta à decisão do TC e às reservas do Presidente. Não é. Em termos líquidos o Governo obtém apenas um quarto (500 milhões) do que conseguiria com os cortes. Ou seja, para cumprir o défice de 2013 precisará de mais austeridade...
O que a baixa da TSU representa é uma grande transferência de rendimento dos trabalhadores para as empresas. Com benefícios para a tesouraria. A questão agora é saber o que vão elas fazer: distribuir esses recursos pelos accionistas? Reinvestir? O Governo espera que sim, para reduzir o desemprego (via mais investimento e menor destruição de emprego). No fundo, estamos perante a badalada baixa da TSU, ferozmente defendida pelo FMI e os senhores da troika.
O problema é que a medida não está a passar para a opinião pública. Para ela o governo está a "tirar aos trabalhadores para dar às empresas"! É injusto? É. A medida é estrutural (baixa o custo de contratação) e em condições normais ajudaria a baixar o desemprego.
O problema é que em política o que parece, é. E o que parece é que o Governo está a remendar um buraco orçamental. Por culpa própria: não explicou bem a medida. Mais: devia tê-la adoptado no início do mandato... ou quando anunciou o corte de subsídios  Administração Pública teria mostrado sentido de equidade (cortar no público e no privado…), com a vantagem de tomar a medida quando ainda vivia em "estado de graça".
Ao fazer as coisas como fez, o 1º ministro cometeu um terrível erro de "timing". De consequências imprevisíveis...


Miguel Macedo
Estudante de Arquitectura
Montijo 

(Nós e as Cidades é uma rubrica sobre urbanismo, reflexões,  mobilidade e bem-estar, que será publicado às terças-feiras)

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