Milhares na rua contra a troika e o Governo


 Um dos maiores protestos de sempre 
Em Lisboa, a sede do Fundo Monetário Internacional, na Avenida da República, foi o único ponto de tensão. Pelo menos dois jovens foram detidos por lançar tomates contra o edifício. Um pouco por todo o país foram milhares os que saíram às ruas para protestar contra a austeridade. Os problemas mais graves estão a acontecer, desde o princípio da noite, junto à Assembleia da República, onde polícia e manifestantes se envolveram em confrontos. 



Milhares de pessoas manifestaram-se em Lisboa 

Em Lisboa gritos e algumas palavras de ordem têm vindo a ser pronunciadas pelos manifestantes em frente à sede do FMI. Foram ouvidos três petardos e pelos menos dois jovens foram detidos quando arremessavam tomates contra o edifício. Para além disso, um dos manifestantes atirou uma garrafa. A polícia resolveu intervir, colocando oficiais com cães à porta do número 57 da Avenida da Republica.
Milhares de manifestantes encheram a Praça de Espanha, para onde convergiu o protesto. Lá foram recebidos com uma faixa gigante onde pode ler-se "Faz falta um novo 25 de Abril". Os pouco mais de três quilómetros que compõem o percurso desde a praça José Fontana demoraram mais de uma hora a ser percorridos.
Muitos gritaram palavras de ordem como "Portugal", "Gatunos" e "O povo unido jamais será vencido", tinham no ar os punhos cerrados e empunhavam a bandeira nacional.
A manifestação é contra as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, num protesto que decorre noutras 40 cidades portuguesas.
O apelo para a manifestação "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!" surgiu na Internet, através das redes sociais, e foi inicialmente organizada por algumas pessoas de Lisboa, mas acabou por ser acolhida de norte a sul de Portugal.

Da Luisa Todi à praça do Bocage
Setúbal também recebeu milhares de pessoas 

Na cidade de Setúbal, cerca de três a quatro mil pessoas concentraram-se no Largo José Afonso e desfilaram pela Avenida Luísa Todi até à Praça do Bocage, numa das maiores manifestações de sempre na capital do distrito.
Durante o protesto contra as medidas de austeridade ouviram-se palavras de ordem a pedir a demissão do Governo e cantou-se o hino nacional.
Cerca de 1.500 pessoas, segundo dados da PSP, juntaram-se hoje no centro de Vila Real também em protesto contra as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo.
Na cidade onde cresceu, o primeiro-ministro foi vaiado e até convidado a seguir o seu próprio conselho e emigrar.
"Pedro vai para a rua!", gritaram em uníssono os manifestantes, muitos deles professores, jovens e desempregados. "Sacríficos? Tenham juízo" ou "Governo PPC, cavalo de troika", foram algumas das palavras de ordem que se podiam ler nos cartazes espalhados pela praça central da cidade de Setúbal.

Évora com milhares de pessoas
A capital do Alentejo também saiu à rua 

No centro histórico de Évora juntaram-se cerca de 500 pessoas contra as medidas de austeridade. Os manifestantes começaram a chegar à Praça do Giraldo, considerada a 'sala de visitas' de Évora, por volta das 17:00, percorreram algumas das principais ruas até aos Paços do Concelho e voltaram à principal praça da cidade, onde foram feitos os discursos.
Empunhando cartazes contra o Governo e a troika, os manifestantes gritaram palavras de ordem como "Está na hora de o Governo ir embora" e "O povo unido jamais será vencido".
Lúcio Caeiro, um dos organizadores do protesto em Évora, disse à Lusa que "não esperava" a participação de tantas pessoas e realçou que esta adesão "significa que os portugueses estão indignados".

Beja junta na rua contra o Governo
Em Beja a manifestação juntou cerca de duas mil  na Praça da República e o grito de protesto foi: "Tem Avondo" (Basta), num protesto pacífico como é apanágio dos alentejanos. A contestação juntou pessoas de todas as idades, quadrantes políticos e profissões, que acima de tudo como disse o humorista Jorge Serafim "para defender a independência do Alentejo e de Portugal".
Entre os manifestantes, Carreira Marques, antigo presidente da Câmara de Beja durante mais de 30 anos, considera que só há duas formas de resolver a situação: "continuar a aceitar a imposição da União Europeia ou rutura com o FMI, como na América Latina", justificando que esta última situação pode levar "à saída da EU e do euro", mas em sua opinião "não será mais grave do que se vive atualmente" concluiu.
O antigo autarca acredita que devem ser convocadas novas eleições e para "amenizar a situação" o PS deve formar Governo, com o objetivo de "renegociar a divida ou fazer novo acordo" justificou. Carreira Marques vai mais longe e diz que são necessárias "mais ações, mais volume de protesto até um levantamento nacional", reforçou.
O protesto em Beja foi marcada pela presença de muitos professores, a maioria a trajar de negro, em sinal de luto pela falta de trabalho e o seu atirar para o desemprego.
A manifestação decorreu sob o olhar atento de três polícias da Esquadra de Investigação Criminal da PSP de Beja, trajando à civil.

Manifestação à porta da Assembleia da República
Situação de confronto continua à porta da Assembleia da República

Polícia e manifestantes envolveram-se em confrontos em frente à Assembleia da República, em Lisboa, já depois do fim da manifestação que chegou ao fim na Praça de Espanha. Várias pessoas foram detidas desde o início deste protesto.
Centenas de pessoas estão concentradas em frente ao edifício do Parlamento gritando palavras de ordem contra deputados e governantes e derrubaram as grades que os separam da escadaria, que foram depois repostas pela polícia. Depois de terem derrubado as barreiras da polícia, manifestantes lançaram petardos contra agentes.
Segundo constatou a agência Lusa no local, às 20:20, centenas de manifestantes ocupavam o largo na base da escadaria do Parlamento, rodeados por um forte dispositivo policial de cerca de dezenas de agentes com cães.
Gritando a palavra de ordem "os gatunos estão lá dentro", os manifestantes apelavam à polícia para deter deputados e governantes.
Desconhece-se ainda se esta concentração em São Bento é composta por manifestantes que antes estavam concentrados na Praça de Espanha e se os que aí continuam se juntarão aos que já se encontram em frente ao Parlamento.
A Lusa constatou no local que, pouco depois das 21:00, rebentaram três petardos e começaram a ser arremessadas garrafas e tomates para a escadaria da Assembleia da República, onde se encontram vários agentes da polícia e já houve algumas detenções e alguns feridos ligeiros.
O trânsito está cortado na Calçada da Estrela e na Rua de São Bento.


Agência de Notícias 

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