Festa das Vindimas acabam hoje

Palmela comemora bodas de ouro das vindimas 

Palmela festejou, uma vez mais, as Vindimas. A maior festa do Concelho de Palmela. A Festa – ou as Vindimas como tantos lhe chamam – está ligada à origem rural do concelho e marca desde há 50 anos a afirmação e identidade, a valorização e a afirmação da riqueza cultural e natural de Palmela e tudo ao redor. O vinho é, desde a origem das Vindimas – o rei de trono permanente e delicadamente venerado. A rainha é, como sempre, uma das meninas mais bonitas do concelho.

Cortejo das Vindimas, o momento alto da Festa 
Agosto ia no fim, a noite nem estava fria nem quente e das escadarias dos Paços do Concelho, quando a sua alteza, Rainha Joana Silva cortou o cacho de uvas e declarou, oficialmente, o início da Festa das Vindimas. A Rainha juntou a sua corte e, das escadarias do seu palácio, [leia-se Paços do Concelho], declarou aberta a comemoração das bodas de ouro das Vindimas.
Domingo, dia alto da Festa, das tradições. O cortejo dos camponeses sai à rua partindo do Chafariz. Um carro de bois puxam o primeiro cesto de uvas para ser pisada no adro da Igreja. Os gaiteiros do Círio da Carregueira abrem as hostes musicais e, os ranchos da Palhota e Venda do Alcaide mostram como eram as antigas adiafas. Homens com cestos de uva nos ombros, mulheres de rostos felizes com mais uva para ser pisada. O Cavalinho da Humanitária juntou-se e trouxe mais música e mais uva para pisar.
Um lençol de gente estende-se pelas artérias estreitas do Centro Histórico. As pessoas acenam, mostram as mantas à janela, e mandam beijinhos e corações à Rainha que passa – imperial e sorridente – com as suas damas de companhia numa charette real.
O cortejo dos camponeses lembram outros tempos. "Lembra o tempo em que a agricultura dava o sustento e as vinhas trabalho a muita gente", dizia uma senhora que subia as ruas antigas da vila. Trazida a primeira uva, prepara-se os pés para uma manhã dura no lagar montado frente à Igreja principal da vila.
Despejados no lagar, os bagos foram desfeitos com a força dos pés de muitos adegueiros. Há anos que cabe aos mesmos o pisar das uvas; João Carlos Almeida fá-lo há mais de vinte anos em nome da terra. Obtido o mosto procedeu-se à medição do seu teor de álcool e à sua bênção, [este ano pelo Bispo de Setúbal em directo para todo o país via TVI]. Cerimónia religiosa que visa agradecer a Deus o fruto da terra, a uva. Resultado: iremos ter um vinho com 13,25 graus. O que promete, diz Filipe Cardoso, “um grande ano para o vinho”. Mais um!
O vinho ali pisado e benzido é depois entregue às paróquias do concelho. "Esta cerimónia é única no país", diz a organização orgulhosa.  

Ranchos transportaram primeiras uvas 
O cortejo das Vindimas festeja os 50 anos 
Odete e Albertina Silva, duas irmãs gémeas chegaram de Portel, no Alentejo. António e Carla, desceram da Marinha Grande e de São João da Pesqueira, escondido em Trás-os-Montes, veio a família Moreira (pai, mãe, duas filhas, um sobrinho e uma tia). É assim sempre, todos os anos no primeiro domingo de Setembro porque as Vindimas já são um cartaz que ultrapassa as portas da região. Ruas cheias, gente sentada em passeios, cadeiras de praia e até caixas de fruta. Tudo servia para ver o Cortejo das Vindimas 2013. E este era especial ou não se festejasse em Palmela, os 50 anos de festa.
Vieram cavalos, póneis, carroças e muitos bois de carga, cavaleiros e conquistadores. Contou-se a história dos 50 anos das Vindimas, do vinho e das principais casas da região. Ranchos folclóricos, a Humanitária e os Loureiros. Cada um com suas tradições, com as suas histórias e as suas gentes. Mas todos muito bem adornados e felizes. Vieram rainhas de hoje e do antigamente.
Atrás, o carro real, com a Rainha (deslumbrante) e as Damas de Honor: Daniela Cruz e Ana Haveriuc que espalharam encanto e sorrisos.
Foi, no entender de muita gente de Palmela, um dos mais bonitos cortejo das Vindimas.
"Já venho há muito tempo ao cortejo mas hoje estava deslumbrante. só é pena que muitos carros passem a correr sem dar hipótese de os admirar melhor", dizia Amélia Uva, que é de Palmela, no fim do cortejo na Avenida dos Bombeiros.
O cortejo volta, luminoso, esta noite e, as Vindimas despedem-se já de madrugada de quarta-feira, com um espectáculo de pirotecnia onde será apresentado a “Sinfonia à Terra”, um concerto comemorativo, composto pelo Maestro palmelense Jorge Salgueiro e interpretado pelos músicos da Sociedade Filarmónica Palmelense "Loureiros", da Sociedade Filarmónica Humanitária e do Conservatório Regional de Palmela, por um coro constituído pelos anteriores intérpretes das Marchas das Vindimas e pelos coralistas das referidas instituições.
As Vindimas voltam para o ano para festejarem mais uma grande festa e mais um ano de boas colheitas.
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Paulo Jorge Oliveira

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