Festas da Moita espelharam crise



Muita gente nas ruas e pouco consumo

As festas em honra de Nossa Sra da Boa Viagem, que terminaram no domingo na Moita foram um sucesso a nível de visitantes mas, de acordo com o presidente da Câmara, espelham a retração do bolso dos consumidores que se faz sentir um pouco por todo o país. João Lobo referiu-se ao baixo entusiasmo dos feirantes que “assistem este ano a um menor número que consomem nas festas”.

Consumo diminuiu na Festa da Moita apesar do muito público 

“O entusiasmo dos comerciantes já não é o mesmo que o registado nos passados anos do certame devido à diminuição do poder de compra dos visitantes”, afirma João Lobo que, apesar deste fator preocupante, faz um balanço bastante positivo do certame. “As tradições, o rio, as atividades económicas e a tauromaquia são celebrados durante os dez dias das festas”, disse o chefe do executivo municipal.
 Acerca da possibilidade da redução dos dias das Festas, o presidente da autarquia moitense descarta essa eventualidade por estes dias serem vistos como essenciais para muitos comerciantes “tirarem a cabeça de fora de água no aspeto financeiro”. João Lobo explica que “a grande afluência de pessoas nos dez dias faz com que muitos comerciantes sejam contra a redução da duração do certame”. 
Entre os passados dias sete e 16, as Festas da Moita ficaram marcadas por largadas de toiros e as habituais touradas na praça Daniel Nascimento mas, numa altura em que as manifestações anti taurinas ganham relevo, João Lobo não admitiu qualquer mudança ao calendário, já que “as manifestações têm todo o direito de existir, desde que ambos os lados da luta respeitem o outro”. “Quem está a favor da tourada tem de respeitar quem está contra e vice versa”, entende o autarca moitense que durante a Tarde do Fogareiro, na passada sexta feira, recebeu da tripulação da Fragata Vasco da Gama, uma placa comemorativa.
Ricardo Brás, comandante da Fragata Vasco da Gama, evidencia que parte significativa da sua tripulação, e da Marinha, provém do município da Moita, fator que o levou a participar na Tarde do Fogareiro. João Lobo, por seu lado, entende que a população da Moita sempre esteve ligada ao mar, mas não associa diretamente a “procura de emprego na Marinha à falta de oportunidades em terra”.

A Avenida do fogareiro
Milhares de pessoas encheram a principal Avenida da Moita 

Na sexta-feira, dia 14 de Setembro, no fim da largada de toiros da manhã, a Avenida Principal da Moita transforma-se numa grande mesa comunitária. Enche-se de mesas, cadeiras, bancas e fogareiros para o almoço. Milhares de pessoas vindas dos mais diversos sítios, acendem os fogareiros espalhados um pouco por todo o lado; as sardinhas os chouriços as entremeadas, couratos, salsichas, bifanas, porco no espeto e até boi bravo – segundo se dizia – começam a assar-se e os amigos vão chegando e bebendo vinho, cerveja aos litros, água... à sombra das árvores da grande avenida.
Vem a animação de rua. Os bombos de Fafe, os tambores e a música de duas charangas do Rosário arrastam, atrás e à frente de si, milhares de pessoas, de todas as idades, dançando o huga-huga.
Há fadistas improvisados a cantar nas esquinas, meninos e meninas em cima das árvores, gente de todas as idades em perfeita harmonia e sintonia uns com os outros. É certamente uma das melhores festas populares de Portugal e um dos maiores churrascos do mundo. De ano para ano atrai mais gente à procura de animação, comida e muita bebida, aliás “esta tarde mais parece uma grande festa da cerveja”, dizia Adriana que veio do Pinhal Novo para a festa. “É fantástico. Um clima único”. E é mesmo!

Cortejo etnográfico “Moita em Festa”
Cortejo mostrou a "Moita em Festa" 

“É importante mantermos as tradições, e ainda mais quando conquistamos amigos (o que deve acontecer muito nessas festas populares)...é um momento precioso da vida”, dizia Filipa Queirós ao ADN.
Domingo, último dia de festa, as tradições voltara a sair à rua: o desfile etnográfico Moita em Festa voltou a juntar pelas ruas da vila milhares de pessoas. Os Amigos da Borga de Fafe abriram, ao toque de bombo, o desfile que juntou Palhaços animados em homenagem ao circo, as marchas de Sarilhos Grandes, os Toca a Rufar, um rancho folclórico e a charanga do Rosário que quer o Huga Huga – dança tradicional do concelho – a património mundial! Ao mesmo tempo, para todo o país, a TVI transmitia em directo partes da festa e oferecia muita música num programa feito no cais da Moita.

Paulo Jorge Oliveira 

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