Crédito malparado bate recordes


Incumprimento faz crescer crédito malparado  

Pela primeira vez, mais de 6 por cento dos empréstimos concedidos à economia são considerados de cobrança duvidosa, o valor mais alto de sempre. Financiamento aumenta, mas só para as empresas.

Famílias estão cada vez mais a dar as casas aos bancos 

De acordo com os dados hoje divulgados pelo Banco de Portugal, as instituições financeiras portuguesas detinham em Julho 15.076 milhões de euros em crédito malparado, mais 4,7 mil milhões do que em igual período do ano passado.
O peso deste crédito de cobrança duvidosa sobre o total dos empréstimos concedidos a famílias e empresas passou, pela primeira vez, os 6 por cento em Julho, atingindo, mais concretamente, 6,13 por cento . É o valor mais alto desde que o Banco de Portugal tem registo destes dados, ou seja, desde 1997.
O grau de incumprimento está a aumentar, sobretudo, devido às empresas. Em Julho, o peso do crédito malparado sobre o total de empréstimos concedidos ao sector corporativo atingiu os 9,3 por cento, o valor mais alto de sempre. Há 10,1 mil milhões de euros considerados de cobrança duvidosa pelos bancos.
Já no caso das famílias, se nos últimos meses tinha havido uma tendência de diminuição do malparado, este inverteu-se em Julho. O montante de cobrança duvidosa face ao total de empréstimos concedidos bateu um novo recorde, de 3,62 por cento, totalizando 4,9 mil milhões de euros.
O incumprimento continua a ser maior no caso dos créditos ao consumo (novo recorde, de 11,7 por cento), o que mostra que os portugueses começam por deixar de pagar primeiro este tipo de empréstimos (compra de carros ou electrodomésticos, por exemplo) e só em última instância o crédito à habitação. Aqui, o peso do crédito malparado sobre o total de empréstimos concedidos ronda 1,9 por cento e está, também, em máximos históricos. 

Só empresas beneficiam do financiamento
Com o crédito malparado a aumentar e face às dificuldades de financiamento no mercado interbancário, os bancos nacionais têm vindo, também, a reduzir o montante de empréstimos à economia. Mas são as famílias que saem mais prejudicadas.
De acordo com os dados do Banco de Portugal, as instituições financeiras portuguesas concederam 5558 milhões de euros em novos empréstimos em Julho, mais 14,2 por cento do que em igual período de 2011. Contudo, só as empresas é que estão a beneficiar.
Em Julho, os bancos nacionais emprestaram 585 milhões de euros às famílias, menos 32,3 por cento do que em igual período do ano passado. A retracção do financiamento é particularmente acentuada no crédito à habitação, onde os bancos estão a conceder menos 57 por cento de empréstimos do que há um ano. O crédito ao consumo regista diminuições na ordem dos 28 por cento
A torneira do crédito só ainda se mantém aberta para as empresas, nomeadamente para as grandes. Em Julho, foram concedidos 4973 milhões de euros em novos empréstimos, mais 24 por cento que em termos homólogos. Mas só as grandes empresas beneficiam. É que, enquanto as operações de financiamento acima de um milhão de euros estão a crescer 55 por cento, as operações abaixo desse valor caíram 9 por cento.

Agência de Notícias 

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