Tecnovia pode entrar em “lay-off”


Sindicato da Construção  responsabiliza o Governo

Quinhentos trabalhadores da empresa de construção Tecnovia vão ficar em lay-off. A empresa faz parte das concessões do baixo Alentejo e do Litoral Algarvio, mas as obras estão paradas. O sindicato da construção do Norte diz que a situação é grave e alerta para o risco de os trabalhadores se revoltarem. É um cenário para o qual já havia alertado em Junho pela autarquia de Beja. De acordo com a rádio TSF, que avançou com a notícia este sábado, os trabalhadores começarão a ser postos em 'lay-off' já em Setembro.

Fim das obras coloca 500 trabalhadores em "lay-off"

"Temos associados a dizer que a empresa não tem trabalho e que vai recorrer ao "lay-off". É uma empresa que se dedica a betuminosas, a estradas, e como estão a mandar parar as obras as empresas recorrem ao "lay-off" ou à falência, atirando muitos trabalhadores para o desemprego", disse à agência Lusa Albano Ribeiro, presidente do Sindicato da Construção.
O dirigente sindical afirmou que o 'lay-off' (suspensão temporária dos contratos de trabalho) da Tecnovia poderá abranger "500 trabalhadores" devido à paragem das obras da "ligação do Alentejo para o Algarve".
A notícia foi avançada na manhã de sabado pela rádio TSF, afirmando que a decisão da Tecnovia se prende com a paragem de obras nas concessões rodoviárias do Baixo Alentejo e Algarve Litoral, no âmbito da renegociação das parcerias público-privadas. Estas concessões foram contratualizadas em 2009 com o Governo de José Sócrates.
A concessão Algarve Litoral foi lançada em Março de 2008 e contratada em Abril de 2009 ao consórcio Rotas do Algarve Litoral, constituído pela Edifer, Iridium, Dragados, Tecnovia e Conduril. Esta concessão inclui a construção, conservação e exploração de um conjunto de variantes das estradas nacionais (EN) 125, da EN2, EN395 e EN270.
A concessão rodoviária Baixo Alentejo, cujo contrato foi assinado em janeiro 2009, foi adjudicada ao Grupo Estradas da Planície, liderado pela Edifer e no qual se inclui várias empresas, entre as quais a Tecnovia. Esta inclui a construção de 124 novos quilómetros e a exploração e conservação de 220 já em serviço.
Ainda segundo a TSF, os trabalhadores começarão a ser postos em 'lay-off' já em Setembro. A Lusa tentou contactar a construtora, mas sem sucesso.

Ministro da Economia é “o coveiro do sector”
Albano Ribeiro responsabiliza o Governo por esta situação ao pôr em risco a continuidade das obras em vias públicas.
"Se o senhor ministro da Economia e do Emprego [Álvaro Santos Pereira] persistir nesta direção e não apostar em obras de requalificação de estradas e pontes será o grande coveiro do setor", afirmou o dirigente sindical.
O responsável mostrou-se preocupado com o agravamento da situação na construção, onde, afirmou, "são mais 10 mil trabalhadores por mês que deixam de ter trabalho", enquanto "20 empresas desaparecem todos os dias".
A Estradas de Portugal foi mandatada pelo Governo para renegociar sete subconcessões rodoviárias (duas das quais estão concluídas), a fim de atingir uma poupança nominal superior a dois mil milhões de euros nos próximos 30 anos, o prazo dos acordos assinados com as concessionárias.
Em causa estão as subconcessões Transmontana, Douro Interior, Baixo Alentejo, Litoral Oeste, Algarve Litoral e Pinhal Interior, sendo que a revisão dos acordos implica a construção de menos troços, mas sobretudo uma redução dos encargos do Estado.
No início do mês, a Estradas de Portugal adiantou estar a dar continuidade aos "esforços de redução dos encargos com outras parcerias contratadas, de modo a assegurar a sua sustentabilidade financeira a prazo, nos termos dos objetivos delineados pelo Governo português".
Em entrevista à SIC Notícias, a 9 de agosto, o presidente da empresa, António Ramalho, escusou-se a adiantar o ponto de situação das renegociações a decorrer, justificando ser preciso "muito silêncio" para ser um bom negociador, mas admitiu que alguns acordos poderão ser conseguidos só no próximo ano.

Agência de Notícias 

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