Abonos de Falhas pagos a mais voltam aos cofres da
autarquia
Cerca de 40 trabalhadores da
Câmara de Palmela vão ter de devolver um total de cinco mil e 860 euros pagos
entre 2007 e 2009 através do abono por falhas que consistiu, neste triénio,
numa despesa para o município na ordem dos 80 mil euros, situação detetada pelo
Tribunal de Contas em auditoria feita na autarquia e acolhida por Ana Teresa
Vicente, chefe do executivo.
Transporte de trabalhadores foi suspenso em Fevereiro |
“É necessário respeitar as
decisões do Tribunal de Contas e os trabalhadores que receberam o valor em
excesso vão devolver a partir de prestações mensais”, admite a autarca, que
ainda cessou o “transporte diário e regular de trabalhadores municipais, entre
o domicílio e o local de trabalho”, em Fevereiro deste ano, por recomendação do Tribunal de Contas.
Em 2007, a despesa com o abono por falhas rondava os
15 mil euros mas, em 2009, ultrapassou os 35 mil euros, facto justificado
pela “entrada de muitos
funcionários para o atendimento ao munícipe na câmara, tendo estes direito ao
abono por a sua função implicar o manuseamento de dinheiro”, explica
Adília Candeias, vice presidente da autarquia palmelense. O Tribunal de Contas
realça ainda o facto de no Município de Palmela ter sido detetada uma
situação de atribuição de abono para falhas a uma trabalhadora que não tinha
direito ao mesmo, uma vez que não se encontrava afeta a áreas de tesouraria ou
cobrança.
“A funcionária em questão
vai devolver o valor total a que teve acesso através do abono por falhas”,
afirma Ana Teresa Vicente, explicando que tal profissional ocupa a função de
secretária da presidência e “estava
encarregue de gerir o fundo maneio da vereação”.
Trabalhadores
sem transporte por imposição do Tribunal de Contas
O transporte de 179 tabalhadores entre o domicilio e o
local de trabalho foi terminado em Fevereiro passado, apesar de a autarca
reconhecer que a decisão se reflete negativamente na vida dos trabalhadores.
“A falta
de transportes públicos no concelho de Palmela justificou a decisão política de
fornecer tal regalia aos funcionários através de meios próprios, mas o tribunal
reconhece como ilegal essa medida e a autarquia teve de acabar com o
transporte”, afirma Ana Teresa Vicente. A autarca considera a existência
dessa valência como um impulsionador da concorrência que as empresas privadas
usam mas muitos setores da administração pública não podem usar.
Tribunal
não pune Palmela
O Tribunal de Contas não avançou com qualquer processo
judicial contra a autarquia de Palmela em qualquer setor que analisou nos
“suplementos remuneratórios e outros abonos”, algo que leva Ana Teresa Vicente
a declarar o assunto encerrado, mas este organismo de justiça detetou em 2009
que, das mais de 223 mil horas Extraordinárias (HE) registadas nos cinco
municípios em análise, cerca de 50 por cento foram realizadas em Palmela. A
presidente da câmara municipal entende que o facto de “no ano de 2009 terem sido feitas muitas
obras e iniciativas que obrigavam aos trabalhadores a terem de laborar
mais tempo que o necessário”.
Apesar de 2009 ter sido o ano de eleições autárquicas,
Ana Teresa Vicente não verifica qualquer relação com o trabalho extraordinário
mas, por outro lado, faz alusão para outras duas eleições no mesmo ano,
legislativas e europeias, cujas operações logísticas também pertenceram à
câmara municipal em trabalho extraordinário. “Hoje, o trabalho extra ordinário diminuiu não por opção política mas por
força da crise económica que o país atravessa”, frisa a presidente da
autarquia palmelense.
O Tribunal de Contas efetuou uma auditoria
aos “suplementos remuneratórios e outros abonos na Administração Local”,
que recaiu sobre cinco municípios, Faro, Figueira da Foz, Palmela, Rio Maior e
Valongo. Além do abono por falhas, o trabalho extraordinário ou as despesas com
transporte de pessoal, a auditoria incidiu sobre o subsídio de turno, subsídios
extraordinários, pagamento por “férias não gozadas” a eleitos locais, pagamento
de refeições a eleitos locais, comunicações móveis, despesas com ADSE e
despesas complementares de saúde, não tendo sido feito qualquer reparo pelo
Tribunal de Contas à Câmara de Palmela nestes pontos.
Agência de Notícias
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