"Praia" dos descontentes montada frente ao Ministério das Finanças


Frente Comum manda Passos Coelho para a “Praia do Descontentamento”  

Caricaturas de Passos Coelho e dos ministros do actual Executivo sentados à volta de uma piscina ao sol foi o cenário montado pela Frente Comum, esta quinta-feira, em frente ao Ministério das Finanças. O protesto em forma de sátira tinha o corte nos subsídios de férias dos funcionários públicos como alvo.

Sindicalistas montam praia a porta do ministério das Finanças

Os cerca de 100 dirigentes e delegados sindicais que marcaram presença no Terreiro do Paço, em Lisboa, pretendem com esta acção simbólica “alertar a opinião pública para o que está em causa, que não são só os subsídios, é um conjunto de funções sociais que estão a desaparecer”, esclareceu Ana Avoila, da Frente Comum.
Os sindicalistas instalaram em frente ao Ministério das Finanças um piscina insuflável sem água onde estavam colocadas representações de todo o Governo.
A dirigente sindical denunciou o fosso entre as férias dos ministros e dos trabalhadores do sector público, afectados pelo corte nos subsídios, para demonstrar as desigualdades sociais no país. “Os ministros continuam a ir a boas praias, ter boa comida, tudo o que é bom e os trabalhadores apenas têm uma toalha no chão”, disse Ana Avoila, numa alusão à acção de protesto, intitulada “Praia do nosso descontentamento”, rejeitando que a culpa da crise seja dos funcionários públicos. 
A responsável da Frente dos Sindicatos da Administração Pública refere que este protesto satírico tem "objectivos sérios". "Esta acção de luta consiste numa sátira política cujo objectivo é denunciar o descontentamento dos trabalhadores por causa do roubo do subsídio de férias", afirmou.
"A alteração à legislação laboral, no sentido de aumentar o horário de trabalho, de reduzir direitos, de rescindir contratos", também motivou o protesto junto ao Ministério, referiu a sindicalista.


Governo “não tem condições para gerir uma mercearia”
Os manifestantes entregaram no ministério uma resolução em que acusam o Tribunal Constitucional de “dar uma mãozinha ao Governo”, permitindo a manutenção no corte dos 13.º e 14.º meses. O documento questiona ainda o respeito que Cavaco Silva e a maioria PSD/CDS-PP têm pela Constituição. Apresenta um conjunto de reivindicações que pretendem a manutenção dos direitos dos trabalhadores.
Neste sentido, Ana Avoila afirmou que o executivo “não tem condições para gerir uma mercearia, quanto mais um país”, apelando à “unificação da luta em torno da função social do Estado e do que está na Constituição”, mas para tal ressalvou que “as pessoas vão ter de se mexer para salvaguardar alguns direitos”, concluiu.

Paulo Jorge Oliveira 

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