Tempo de acontecer...
Hoje vou falar
de casas, do tempo e talvez do passado se me lembrar dele... vou falar do sagaz
exercício de um poder tão firme e silencioso como só houve no tempo mais presente.
Estou rodeada de livros nesta grande biblioteca, sinto que esta é a fonte do
conhecimento, no centro da grande capital este foi o sitio que hoje decidi
sentar-me a divagar pelas letras...
Sorrindo com
ironia e doçura no fundo de um alto segredo que os restitui à lama os meus
pensamentos reflectem-se em palavras e variadas historias que anseiam chegar a
esta folha de papel. as minhas doces mãos irreprimíveis capazes de escrever o
mundo esperam apenas o começo... quero escrever sobre os meses, sonhados nas
últimas chuvas...sobre as palavras subtis rodeadas em cima das nuvens...digamos
que descobri amoras, a corrente oculta do gosto, o entusiasmo do
mundo...descobri corpos de gente que se protege e absorve o silêncio admirável
das fontes, pensamentos nas pedras de alguma coisa celeste como fogo
exemplar....digamos que vejo as musas um pouco inclinadas para mim como
estreitas e erguidas flores tenebrosas, e tenho memória e absorvente melancolia
e atenção às portas sobre a extinção dos dias altos...
Não preciso
lembrar de quem está em mim depois de amanhã fará um ano que passou lentamente
e sem dar por isso esqueci o seu cheiro...é verdade, mas meu sorriso, seu
sorriso minha alegria, sua alegria grita em mim e graças a Deus isso nunca
perderei...a vida é engraçada, algumas pessoas até acham graça, nos pegamos o
riso depois de perdas que mesmo sabendo que acontecem nunca esperamos, pedras
no caminho nos transformam em ex-meninos, mas seguimos sempre seguimos meio na
apneia sem tempo para pensar no que nos qualifica como seres humanos...suamos
choramos e entra ano sai ano continuamos desejando o que não tem valor e
deixando de aproveitar o que não voltará...por vezes desejamos tanto os sonhos
que nos esquecemos da realidade.
Mas sempre fomos
assim mais que não seja por um minuto na vida até que acordamos e muitas da
vezes estamos no transporte para casa ou mesmo parados no meio da rua... ai sim
voltamos a realidade de um dia igual a tantos outros. aqui sentada recordo
alguns livros da nossa historia tentando perceber a mente do nosso passado com
tantos feitos obtidos, nos somos o futuro dessa historia...e mesmo assim muitas
vezes falhamos mesmo sabendo que esse era o caminho mais provável...talvez a
culpa seja do sentido de poder que pensamos ter sobre o desconhecido, ou talvez
seja mesmo de nós...segundo grandes senhores do passado, o impossível torna se
realidade e talvez seja por isso que
nada acontece quando esperamos sem nada fazer para acontecer...
Hoje esqueço-me
de quem sou ou de onde vim...do que anseio ou desejo...o conhecimento e folhas
de papel que me rodeiam absorveram a minha alma sem dar lugar a mais nada para
pensar... Gostava de não sair daqui mais, aqui sinto me segura do mundo la
fora...das sombras que estão nas paredes ou mesmo das pessoas que não
conhecemos...não entendo o presente reconhecendo o passado, mas anseio o futuro
medrosamente... o engano deveria ser o nosso sobrenome pela forma que agimos
mas mesmo assim continuo tentando me amar...
Deixo o relógio
de lado e caminho ao contrário da minha sombra...
Lia Santos
Lisboa
Pena Solta, uma
rúbrica que busca os pensamentos da alma e os cruza com experiências de vida e
vivências. Sempre à quarta-feira ao fim da noite, com assinatura de Lia Santos
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