"Que se lixem as eleições"
O primeiro-ministro garantiu ontem aos deputados do PSD que continuará a governar a pensar no país e não irá mudar de rumo, mesmo que isso tenha custos políticos nos tempos mais próximos. “Se tiver de perder as eleições para salvar o país, que se lixem as eleições. O que interessa é Portugal”, disse Pedro Passos Coelho, num discurso no jantar da bancada social-democrata de fecho da sessão legislativa. O primeiro-ministro disse ainda que tem ouvido comentários sobre a sua magreza e afirmou que está a fazer dieta, que está muito bem de saúde e muito certo do caminho que quer seguir. Para breve, prometeu Passos Coelho, o Governo vai apresentar ainda este ano resultados da renegociação das parceiras público-privadas e que as alterações em curso aos apoios às fundações vão também produzir poupanças.
Pedro Passos Coelho quer PSD concentrado no país e não em eleições |
O líder do PSD admitiu mesmo que o partido pode vir a pagar nas próximas eleições autárquicas (em Outubro do próximo ano) e europeias (em Junho de 2014) o preço das políticas que está a implementar. “Mas verdade é que nenhum dos que aqui estão foi eleito para ganhar as próximas eleições, ou para ajudar a ganhar autárquicas, nem as regionais deste ano nos Açores, nem as europeias que aí vêm a seguir. Não foi para isso que fomos eleitos, foi para responder ao país”, disse ainda diante dos deputados sociais-democratas.
Foi esta a fórmula escolhida por Passos Coelho para se demarcar do que diz ser a postura das restantes forças políticas, prometendo não ceder à “demagogia”. Mais ainda, o presidente do PSD aproveitou intervenção no início do jantar para atacar os que pensam que podem “marcar pontos sublinhando o número de desempregados, as falências e as dificuldades das famílias”. Uma frase a pensar no secretário-geral do PS, António José Seguro, que nos últimos dias se demarcou do governo e rejeitou qualquer negociação prévia sobre o próximo Orçamento do Estado para o próximo ano.
“Estivemos a um passo da bancarrota”
O líder do PSD respondeu com críticas ao maior partido da oposição, que acusou de não conseguir oferecer aos portugueses uma alternativa à forma como vamos sair da crise. “Até hoje uma saída, uma superação desta crise, não tem sido oferecida por outros agentes políticos. Não temos ouvido dos outros partidos um caminho alternativo”, argumentou o primeiro-ministro.
Curiosamente, Passos enviou estes recados para a oposição no dia em que António José Seguro comemora o primeiro aniversário à frente do PS, insistindo na crítica aos que que fazem política “a pensar que conseguem mais votos”.
O primeiro-ministro começou o seu discurso por saudar a presença de alguns ministros do PSD e independentes – depois de ter considerado “inaceitável” a ausência de governantes da reunião do Conselho Nacional do partido há duas semanas – e quis reforçar a ideia de que o país “está numa situação de emergência”.
“Estivemos a um passo da bancarrota e um ano volvido, a percepção que existe é de que não demos um passo em frente. Foi talvez a única área em que andamos para trás”, disse o primeiro-ministro.
“Não quero ficar barrigudo”
Pedro Passos Coelho referiu que lhe têm dito que "está mais magro, anda assim abatido" e lhe têm perguntado se "alguma coisa corre mal no país, pior do que estava à espera".
Em seguida, o primeiro-ministro e presidente do PSD procurou afastar esses receios: "Não, não. Eu quero dizer: Eu estou mais magro porque tenho feito dieta, é porque não quero ficar barrigudo, é só isso. Eu estou muito bem de saúde e, melhor do que isso, estou muito certo do caminho que quero seguir".
"Sei para que fui eleito e, não precisava de vos recordar, todos têm hoje aqui uma missão histórica a desempenhar", acrescentou Passos Coelho, dirigindo-se aos deputados do PSD.
Passos promete para breve poupanças com PPP e fundações
PPP e Fundações vão ser avaliadas pelo Governo |
Durante um jantar do grupo parlamentar do PSD, na Assembleia da República, Pedro Passos Coelho defendeu que o Governo está a cortar na despesa pública conforme se comprometeu, "área por área", acrescentando: "Eu sei, ainda faltam as parcerias público-privadas. Recebemos o relatório, já, e estamos a tratar dessa negociação".
"É um ponto de honra, não haverá privilégios que fiquem intocados. E nós iremos mexer nas parcerias público-privadas, e é este ano - não é para o ano, é este ano", completou o primeiro-ministro e presidente do PSD, recebendo palmas dos deputados sociais-democratas.
Em seguida, Passos Coelho referiu que o Governo já recebeu o relatório "sobre a avaliação e o censo que foi feito sobre as fundações em Portugal" e que este deverá ser divulgado esta semana.
"E lhes garanto que há também poupança efetiva relevante que vamos fazer nessa área das gorduras do Estado - isto é, de gente que tem benefícios fiscais e que, portanto, tem uma despesa social que lhe está associada, quando não recebe direito diretamente do nosso Orçamento, portanto, dos contribuintes, e que faz coisas que outros fazem melhor, ou que não precisam de fazer naquela dimensão, ou que não são justificadas", acrescentou.
O primeiro-ministro reiterou que "haverá poupanças também aí", com as alterações aos apoios às fundações.
"Toda a margem que tivermos para gastar ainda menos sem pôr em causa os direitos sociais e sem pôr em causa a qualidade dos serviços que prestamos, seja na educação, seja na saúde, seja no apoio social, nós faremos isso. E faremos isso, porque é o dinheiro dos contribuintes, é o esforço dos portugueses em impostos, que não nos permite que sejamos complacentes ou que sejamos menos atuantes", concluiu o primeiro-ministro.
Paulo Jorge Oliveira
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