Portugal entre os piores países para se ser criança


Importante chamada de atenção

Relatório da Unicef revela cenário negro acerca da pobreza e das condições de vida dos mais novos nos países desenvolvidos. Carência em Portugal é o triplo da registada em países de igual rendimento per capita, como a República Checa. A Finlândia é o melhor país para as crianças. 

Há muito a fazer pela qualidade de vida das nossas crianças 


Em Portugal, 27,4 por cento das crianças está privada das condições desejáveis para o seu normal desenvolvimento, considerando os países com distribuição salarial equiparada, de acordo com os 14 critérios da Unicef. Parâmetros que incluem três refeições por dia, pelo menos uma delas com carne ou peixe, fruta fresca, acesso a livros de conhecimento em casa, atividades de lazer e uma ligação à Internet.
Na lista de que Portugal faz parte, o país que melhor condições oferece é a Finlândia, onde apenas 2,5 por cento revela falhas nas condições avaliadas. A República Checa situa-se nos 8,8 por cento e a Eslovénia nos 8,3 por cento. Hungria, Letónia, Bulgária e Roménia são os únicos que estão atrás de Portugal. Os países mais amigos das crianças são Islândia, Suécia e Noruega, de acordo com o relatório sobre a pobreza infantil em 35 países desenvolvidos, no qual se conclui que 13 milhões de crianças não têm acesso a elementos básicos e que 30 milhões vivem em dificuldades.
O problema da discrepância entre o rendimento dos adultos e a atenção dada às crianças reflete a falta de eficácia das políticas de apoio e proteção dos menores, explica Madalena Marçal Grilo, diretora-executiva da Unicef Portugal. "É nítido que alguns países conseguem melhores resultados do que outros, apesar do mesmo ponto de partida", sublinha.
Apesar de a Alemanha pertencer ao pelotão da frente em termos económicos, apresenta uma taxa de carência de 8,8 por cento. A própria Grécia, que está incluída no grupo de Portugal, tem um índice de falha inferior ao de Portugal (17,2 por cento).

Decisões erradas podem ser visíveis mais tarde
A análise da pobreza relativa, outro dos ângulos do relatório, reforça a tese da diretora da Unicef em Portugal. Países economicamente semelhantes registam taxas de carência nas crianças diferentes. Neste ranking, Portugal apresenta uma taxa de pobreza relativa de 14,7 por cento, o que faz com que se situe em 26.ª entre os 35 países. A média geral estará nos 15 por cento, aponta a responsável. A pobreza relativa é calculada em função do rendimento mediano, depois de descontados impostos, para um salário mais real.
Como estes dados são relativos a 2009 (baseados em Estatísticas da União Europeia), é importante que sirvam de "chamada de atenção. Pois a tendência caminha para o agravar da situação". O mesmo alerta é deixado por Gordon Alexandre, diretor de Investigação da Unicef. "O risco é que no contexto da atual crise sejam tomadas decisões erradas cujas consequências só serão visíveis mais tarde".
A socióloga Amélia Bastos não se mostrou surpreendida com os resultados. O índice de privação "elevado em várias áreas reflete a inexistência de políticas adequadas há vários anos".

Agência de Notícias 

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