Transportes: Ligação Montijo e Lisboa

Ligação por barco entre Montijo e Lisboa só em hora de ponta

A Câmara do Montijo opõe-se a supressão de carreiras da ligação fluvial Montijo-Lisboa proposta pelo grupo de trabalho, nomeado pelo Governo, para reformular a rede de transportes públicos e simplificar o sistema tarifário da Área Metropolitana de Lisboa. “Esta é uma solução ilógica”, diz fonte da autarquia ribeirinha do Tejo.

Ligação de Barco entre Montijo e Lisboa sofre supressão de 70%


O fim dos barcos para a Trafaria e Seixal é mais que certo, assim como a diminuição drástica dos barcos para o Montijo e a alteração de horários, a terminar ao início da noite, dos barcos para Cacilhas e Barreiro é uma das propostas em estudo do Governo para a reorganização da rede de Transportes da Grande Lisboa.
Esta medida está a preocupar os autarcas da Câmara de Montijo que já levou a discussão a sede de reunião de câmara. No caso da ligação fluvial entre o Montijo (Cais do Seixalinho) e Lisboa, operada pela Transtejo, a proposta apresentada, no dia 31 de Outubro aos municípios metropolitanos, elimina 46 carreiras aos sábados, domingos e feriados e 18 carreiras nos dias úteis, o que representa uma supressão na ordem dos 70 por cento das carreiras fluviais entre o Montijo e Lisboa. 
A proposta pressupõe a manutenção da ligação fluvial Montijo-Lisboa apenas em dias úteis e nos períodos de ponta, entre as 6h00 e as 9h30 e as 17h00 e as 20h00, o que “coloca em causa a mobilidade dos cidadãos com enormes prejuízos na sua vida diária”,  dizem os autarcas de Montijo.
 
A Câmara  do Montijo considera que esta proposta “representa na prática um contributo para o fim do transporte fluvial entre o Montijo e Lisboa e não traduz o esforço realizado na última década, com a deslocalização do terminal fluvial do centro do Montijo para o Cais do Seixalinho, com o intuito de melhorar a atratividade e a viabilidade económica da referida ligação fluvial”.
Estas medidas ignoram, também,  de acordo com o documento da autarquia, “o facto de o Governo ter suprimido, em 2011, as carreiras menos rentáveis na ligação ao Montijo e, ainda, desconsideram o efeito do aumento brutal nas tarifas dos transportes públicos, em muitos casos acima dos 15 por cento”.
 
A autarquia lembra que “quando a União Europeia desafia as cidades a reduzir em 20 por cento a emissão de gases poluentes, a supressão de transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa é um retrocesso civilizacional. A utilização dos transportes públicos, por o maior número possível de pessoas, é essencial para melhorar a organização das cidades e as suas dinâmicas sociais e económicas; reduzir a dependência energética do país; e contribuir para uma mobilidade facilitada de todos os cidadãos”.
 
A autarquia do Montijo reitera, deste modo, “a necessidade de uma visão mais ampla na avaliação da rede de transportes públicos da Área Metropolitana de Lisboa como sustentação do direito dos cidadãos à mobilidade”.

Paulo Jorge Oliveira 

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