Economia: Cabovisão critica “estratégias” do mercado

“Há estratégias comerciais menos éticas”  
O presidente da Cabovisão admitiu que a consolidação da operadora será um tema que os accionistas terão sempre em cima da mesa, mas o seu objectivo como gestor não passa pela venda da empresa nem "por cenários fictícios de consolidação". A notícia de que a empresa, com sede em Palmela, estaria à “procura compradores” foi avançada ontem pela Agência Lusa.
Martinho Tojo "desmente" que Cabovisão esteja à venda

Ontem, de acordo com a Lusa, os donos da Cabovisão estavam a contactar operadoras e fundos nacionais e internacionais para vender a sua operação em Portugal. A mesma fonte terá afirmado que ainda não há preços, mas negociações no caso dos interessados. No mesmo sentido, outra fonte do mercado adiantou que o "processo não é de agora” e já “teve início no Verão, mas já está em fase avançada". Contudo, questionada pela Lusa sobre o assunto, a directora executiva da Cabovisão, Daniela Antão, diz que "não comenta rumores". Igual posição defendeu a Cogeco Cable, a quarta maior operadora canadiana que controla a Cabovisão desde 2006, ao afirmar que não tem por hábito reagir a rumores do mercado. 
Hoje, Martinho Tojo, director-geral da Cabovisão, foi um dos oradores da conferência “Estado da Nação", no âmbito do 21.º congresso das Comunicações, e declarou que devido à dimensão do País e do mercado e tendo em contas as complementaridades "a consolidação [no mercado] é inevitável. Não sabemos é quando vai acontecer". "Os analistas e jornalistas adoram o tema" e Martinho Tojo admitiu que desde que chegou à Cabovisão, há dois anos, "são rumores recorrentes e estamos habituados".
Para o responsável, o seu objectivo como gestor "não passa por vender a empresa nem por cenários fictícios de consolidação". Até, admitiu, pode ser vista de maneira positiva: "significa que estamos a fazer um bom trabalho". 
Mas acabou por admitir que estas notícias destabilizam os trabalhadores e os clientes, admitindo que as notícias de que a Cabovisão está à venda tem origem em "estratégias comerciais menos éticas e torna-se destabilizante para as nossas pessoas. Sempre que uma empresa aparece como alvo existe destabilização das pessoas e clientes. Pode ser extraordinariamente negativo este tipo de rumores". 

Cabovisão em números 


Liderada desde Dezembro de 2009 por Martinho Tojo, a Cabovisão foi, a par da Sonaecom, uma das operadoras mais penalizadas com o maior ambiente concorrencial decorrente do fim da PT Multimédia [que deu origem à ZON] da casa-mãe Portugal Telecom, em 2007. Viria também a enfrentar um novo adversário, o Meo da PT.
Com mais de 600 colaboradores, na sede em Palmela e 19 lojas em todo o país, a Cabovisão tem vindo a perder clientes com impactos nos resultados financeiros da empresa.
No site da Cabovisão, a operadora lembra que iniciou actividade em 1993, com perto de 900 mil casas cabladas e mais de 800 mil serviços de telefone fixo, televisão por cabo e Internet de banda larga activos em clientes. "Com licenças para fornecer serviço de televisão por cabo a mais de 90% dos lares nacionais e serviços de Internet e de telefone fixo a todo o território nacional, a Cabovisão apostou no desenvolvimento regional de Portugal, disponibilizando serviços de telecomunicações onde outros operadores não o fizeram", lê-se ainda na página de Internet. Depois da Ar Telecom, a Cabovisão poderá ser mais uma vítima da concorrência no sector.
No dia 10 deste mês, vários meios de comunicação social noticiaram que o serviço de apoio a clientes da Ar Telecom estaria a aconselhar os clientes residenciais a optar pela Zon, uma vez que a empresa ia deixar de prestar serviços no final do mês. A Ar Telecom tinha anunciado que o negócio iria focar-se apenas no segmento empresarial.


Paulo Jorge Oliveira 

Comentários