Música

Shivers de fora das Festas de Pinhal Novo




É a notícia do momento: Os Shivers não foram convidados para tocar na 15ª edição das Festas Populares de Pinhal Novo. A banda de Pinhal Novo, criada em 2001, desde sempre participou no maior evento cultural da sua terra. Quase sempre relegados para o palco do Pátio Caramelo, onde estão concentradas as bandas jovens.
Este ano porém, a Associação de Festas decidiu por não convidar a única banda de Pinhal Novo que o país conhece. Desde logo, na rede social Facebook o tema tem sido comentado tanto pela banda, tanto pelas centenas de fãs que querem “os Shivers a tocar nas Festas de Pinhal Novo”. [http://www.facebook.com/home.php?sk=group_181864885196831] quer na própria pagina oficial da Associação de Festas no Facebook.
Num lado e no outro, a contestação à decisão da Associação é forte. Do lado da banda há um “sentimento de tristeza” por não poderem tocar este ano na vila que promovem em todos os concertos que dão.


De fora em nome da diversidade

Em entrevista ao Novo Impacto, Igor Azougado, vocalista da banda pinhalnovense, disse “que não existe nada que nos dê mais prazer do que tocar nas festas da nossa terra. Lançámos um CD em Outubro de 2010 e nas Festas do Pinhal Novo em 2010 enchemos o Pátio Caramelo. Penso que são mais do que motivos para termos um oportunidade no palco principal das festas”.
A actuação no principal Palco das festas chegou mesmo a ser comentada entre o presidente da Associação de Festas [Luís Fernandes] e a própria banda. Segundo palavras de Igor Azougado, a conversa aconteceu com “muita antecedência”, mas a Associação “demorou meses a dar-nos uma resposta e decidiram que não queriam este ano os Shivers nas Festas do Pinhal Novo”.
E de facto assim vai ser. O Novo Impacto tentou ouvir a Associação [que nunca respondeu às nossas perguntas]. Ainda assim, numa mensagem colocada na página do Facebook das Festas, fonte da associação refere que a ausência da banda foi tomada em “prol da diversidade nas festas”. Ainda segunda a mesma fonte, “poderão constatar que nenhum dos artistas que marcaram presença no ano passado se vão repetir este ano, talvez para o próximo”.
Diz ainda fonte da Associação que “ é perfeitamente compreensível a indignação a propósito dos Shivers não marcarem presença nas festas do Pinhal Novo como é habitual, sem dúvida uma banda que divulga o nome da nossa terra. Em todo o caso foi assim decidido”.
Para Igor Azougado é bom que “haja diversidade nas festas pois isso inova a vontade da população de visitar as mesmas”. Contudo, “isso não significa que não se possa repetir artistas, querem um exemplo: O Quim Barreiros toca todos os anos em todas as Queimas das Fitas, vêm os alunos a queixarem-se!? Não me parece. Deve manter-se traços característicos da região tanto a nível musical como noutras áreas de culturais e de entretenimento. Com isto não estou a dizer que os Shivers devem tocar todos os anos, mas no ano após uma banda do Pinhal Novo lançar um CD a nível nacional (uma coisa que muito poucos fizeram!) e é ignorada porque querem diversidade!? Acho que merecíamos melhor...os Shivers e todos os músicos do Pinhal Novo”.


Falta diálogo à Associação de Festas



Num ano de intenso trabalho de promoção do Rock Popular Caramelo, em concertos por este Portugal a fora, de programas de televisão, de um programa de sucesso na Radio Popular FM, entre outros projectos que reúnem e cativam centenas de jovens do concelho de Palmela. Era por isso, expectável que as luzes do palco principal das Festas Populares de Pinhal Novo iluminassem e coroassem um ano de glória da banda de Pinhal Novo. “Até podiam estar três pessoas a ver o concerto no Palco Principal mas os Shivers iam dar tudo em palco para fazer um bom espectáculo”, garante o vocalista da banda.
“Até podíamos abrir o concerto de algum artista contratado para o palco principal, como aconteceu em 2006 no espectáculo de Quim Barreiros, na Escola Superior de Comunicação Social em Lisboa. As pessoas devem é procurar soluções”, argumenta o músico.
Igor Azougado critica ainda o facto da ausência de diálogo entre a Associação de Festas e os jovens de Pinhal Novo. “Não existem qualquer interacção. A comissão de Festas devia saber o que os pinhalnovenses querem nas suas festas, miúdos e graúdos, ai sim tendo em conta o que o nosso povo quer e que artistas quer. Não existem comissões ou organizações perfeitas mas devem todas tentar melhorar, é a mensagem que deixo: deixem-se de amizades e interesses e ouçam as pessoas”.


“A Associação de Festas devia reflectir quanto a este assunto”


Novas bandas e dj’s vão ter “oportunidade de tocar pela primeira vez à procura do mesmo que os nossos Shivers já têm nome”, refere a Associação de Festas. Algo que não convence os jovens com quem o Novo Impacto falou.
Sofia de Brito, de Pinhal Novo, considera que a Associação não se esforça muito para interagir com os jovens da freguesia. “A interacção da Associação parece-me insuficiente e um sinal dessa distância, na minha modesta opinião, é a falta de promoção de bandas que cativem os jovens às festas. Deve atribuir-se mais participação jovem, pois estes são o futuro das festas”, contou ao Novo Impacto.
Sobre a ausência dos Shivers do cartaz deste ano, a jovem de 23 anos considera que “a Associação de Festas devia reflectir quanto a este assunto. É natural que os artistas de top atraiam mais visitantes, mas foi no berço caramelo que nasceram e está a crescer o percurso de Shivers. Estes dois rapazes não exigem um palco principal. Para eles, um espaço ao ar livre é suficiente. Desconheço quais os fundamentos para tal exclusão, mas devia ser alvo de reflexão e dar notoriedade à gente da terra”. E diz mais Sofia de Brito. “Independentemente dos critérios de selecção e escolha, a Associação de Festas não apresenta uma atitude consciente. Sem a sopa caramela, o povo caramelo erradica-se”.


“Festa do Pinhal Novo não é festa quando não se grita EPAH!”

Ana Gomez, também de Pinhal Novo, tem a mesma opinião. “O facto da Associação de Festas ter deixado os Shivers de fora é algo incompreensível. Pois as festas da terra deviam homenagear as pessoas que tanto valor dão ao local onde vivemos. Tanto que, a Associação citou que as festas eram para nós e o nosso agrado”.
A onda de “revolta” estende-se a Sofia Vieira, de 17 anos. “A Associação de Festas tem o direito, enquanto organizadora, de colocar no cartaz quem quiser, mas com esse direito vem a responsabilidade de ouvir a população e de respeitar essa voz. De que vai valer o seu trabalho se nós não apreciarmos o seu resultado? Não é por falta de local ou tempo que os Shivers não estão no cartaz, a festa faz-se em qualquer lado e a qualquer hora. E considero triste toda esta polémica sobre uma coisa que poderia ser evitada e cuja solução é bastante simples, que acaba até por assombrar um pouco o espirito das festas do Pinhal Novo”. Até porque “Festa do Pinhal Novo não é festa quando não se grita EPAH!”, conclui a jovem de Pinhal Novo.
Estando ou não no cartaz, fazendo ou não um concerto à margem das Festas [solução já colocada de lado pela banda] e de muitas mensagens de apoio, os Shivers prometem não desistir de nos dar música! E os fãs da banda sabem disso. “Ao longo do vosso percurso, sempre conquistaram os vossos triunfos. Continuam a marcar todos os que vos ouvem e assistem às vossas actuações. As festas realizam-se uma vez por ano e os Shivers não têm periodicidade. Rock Popular Caramelo tem direitos de autor, pertence aos Shivers”, diz Sofia de Brito.


As perguntas que a Associação não respondeu

Segundo a Associação de Festas, novos dj’s e bandas vão ter “oportunidade de tocar pela primeira vez”. Nomes como El Gagzé - Balkan Fusion, Electro Swing, Gypsy Punk, DA R.I.O.T. Productions, Projecto Bug e Orlando Santos, já tem presença marcada no Pátio Caramelo. No principal Palco fala-se – ainda sem confirmação – de Jorge Fernando ou Emanuel, Quim Barreiros, Dialecto e Deolinda.
Destas bandas e projectos fica-se por saber, entre outras coisas, que contactos tem tido a Associação de Festas, por exemplo, com os jovens e associações de jovens de Pinhal Novo? Que programação podemos encontrar este ano para os mais jovens? E quantas destas bandas e DJ´s são de Pinhal Novo ou do concelho de Palmela? Qual tem sido o critério de escolha das bandas para este Palco principal? Para estas perguntas, os homens e as mulheres que compõem a Associação de Festas Populares de Pinhal Novo não quiserem responder.


Projecto Shivers chegou à 10 anos

A banda de “Rock Popular Caramelo” pinhalnovense surgiu no início do ano 2001, através de um projecto de dois amigos de infância que sempre sonharam ter uma banda. Desde daí nunca mais pararam de arrancar gargalhadas e provocar “moshes” através do “Rock Popular Caramelo”. Um concerto aqui, uma brincadeira ali, mais ou menos amendoins, coiratos com (ou sem) pêlo, mines pretas e coisas esquisitas na manteiga, os já “lendários”, Shivers chegaram ao maior canal de música nacional: a MTV. O vibrante “Epah” teve garantido no canal e tornaram-se referência.
Esta dupla louca do Pinhal Novo – com sentido de humor para lá de apurado – composta por Igor Azougado (voz, guitarra e acordeão) e João Arroja (bateria, pandeireta e gaita), em Outubro do ano passado lançam o álbum “Rock Popular Caramelo” e levam, desta maneira, o nome de Pinhal Novo a todo o país. Os portugueses precisam de animação e é exactamente isso que Igor Azougado e João Arroja têm para “dar e vender”, ou antes, mais para dar do que para vender. É que dão todo o seu humor genuíno às melodias e vendem-no por um preço que não chega aos dez euros. Afinal, “fazemos música para divertir os outros”.


Paulo Jorge Oliveira 

Comentários

  1. Muito bem escrito, está bastante interessante! So quero fazer uma correcção, não é Sofia Vieira, é Sara Vieira.

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  2. Os Shivers agradecem a todos os que apoiam a banda e ao jornal Impacto da Região..Pedimos a todos os que apoiam os Shivers para aparecerem no dia 11 junho, sabado a noite, no pateo caramelo com a t-shirt de Shivers pois nós temos uma surpresa para voces..o que é que têm a dizer sobre isto?! Bora láaaaa..

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