Francisco Lopes, o candidato dos trabalhadores
Francisco Lopes, o candidato apoiado pelo PCP e Os Verdes, é o candidato que mais tempo gasta no distrito de Setúbal. Não é por acaso, tratado-se de um distrito que, geralmente, vota à esquerda.
Francisco Lopes sublinha que “o povo português está a ser profundamente atacado nas suas condições de vida, numa perspectiva de recessão económica, desemprego, inflação, quebra do poder de compra e quebra de investimento, num ciclo infernal de afundamento” e “há responsáveis por isso”. Para o candidato comunista, a campanha presidencial está a dividir-se entre “a discussão política, normal de uma campanha”, mas também “outra parte”, que se tem ficado mais pelas “tricas”.
Uma perda de tempo? Francisco Lopes, que nunca perde uma oportunidade para reafirmar as principais bandeiras da sua candidatura e atacar os que considera “responsáveis pelo actual rumo do país”, responde que “cada um utilizará o tempo como entender. Eu utilizo o tempo da minha campanha para reafirmar que o rumo do país é inaceitável, não pode continuar neste afundamento económico, nesta injustiça social, nesta quebra da soberania”.
As dificuldades de acesso à saúde, o apelo ao voto pela indignação e a acusação de que o Governo "tortura as estatísticas" do desemprego marcam a campanha de Francisco Lopes. A recta final de campanha do candidato apoiado pelos comunistas passou por Sines. Rosa Maria, 68 anos, uma das transeuntes que o candidato encontrou, queixou-se do acesso aos tratamentos de saúde e da pensão muito magra que recebe. Mais, explicou a Francisco Lopes que não sabe se a 2 de Fevereiro terá transporte: "Eu moro em Sines e querem que eu esteja em Setúbal às 19 horas. E querem que eu volte como? Põem-me umas asas e eu ando?", perguntava.
"As pensões estão congeladas, a medicação aumentou, não tenho dinheiro para comer", lamentou-se Rosa Maria que mereceu a seguinte resposta do candidato: "Tem duas possibilidades: uma delas é calar-se, se não votar na minha candidatura; a outra é perante essas injustiças usar o voto para gritar essa indignação", disse.
A três dias das eleições, Francisco Lopes, candidato apoiado pelo PCP, reforça no seu discurso que é o único do lado dos trabalhadores em condições de defrontar o candidato da direita na segunda volta das eleições presidenciais. “Esta candidatura é alternativa no próximo domingo e será a verdadeira alternativa numa segunda volta para confrontar Cavaco Silva nessas eleições”, garante.
O candidato apoiado pelo Partido Comunista embora se refira amiúde nos seus discursos para importância de desvalorizar as sondagens, na altura de comentar esses estudos já não lhes dá tanta importância. “Não sou comentador de sondagens. Sou candidato a Presidente da República e é isso que me determina desde o início. Não é este ou aquele palpite, este ou aquele comentário, este ou aquele prognóstico”, sublinha.
Isto até porque o candidato acredita que está em condições de passar a uma segunda volta, Francisco Lopes não revela quem apoiará na eventualidade de não ser ele o adversário de Cavaco Silva. “Eu sou o candidato a Presidente da República e falo enquanto candidato. Estamos a três dias da primeira volta das eleições presidenciais” e os votos contam-se depois de fechadas as urnas.
Para Francisco Lopes, Cavaco Silva, “enquanto Presidente da República, vangloriou-se que tinha conseguido um entendimento PS/PSD para este orçamento de desastre”, mas “agora procura fingir que não tem nada a ver com isto”.
Em Palmela, Victor Borrego é o mandatário concelhio. Segundo palavras do presidente da Assembleia Municipal de Palmela, "é uma honra e um privilégio ter sido convidado para me associar à candidatura à Presidência da República que defende os interesses do País e dos portugueses". Segundo o “histórico” autarca de Palmela, Francisco Lopes é o único candidato “que não está comprometida com o sistema, que tem conduzido o País para a situação de desastre em que hoje se encontra, é a candidatura que merece o voto dos cidadãos do concelho de Palmela", concluiu Victor Borrego.
Palavras que foram do agrado do mandatário distrital. "Cavaco Silva e Manuel Alegre falam do futuro mas estão comprometidos com o passado e o presente do país". De acordo com Joaquim Judas, ambos “tiveram responsabilidades directas nas políticas que têm afectado as famílias portuguesas e que deterioram as nossas condições de vida”. E disse mais Judas: “não se pode defender uma coisa e o contrário dela como é o caso de Manuel Alegre. Está a favor das medidas negativas do orçamento de estado aprovado pelo PS ou contra, como o sentido de voto do BE ?”. Logo, para o mandatário do Distrito de Setúbal do candidato apoiado pelo PCP e pelo PEV, "esta é uma candidatura dúbia e como tal não serve os interesses do país, da região e do concelho de Palmela".
O ataque não ficou por aqui e também o candidato Fernando Nobre foi visado pelo mandatário de Francisco Lopes. "É um candidato que num dia apoia o PS no outro dia o PSD e no dia seguinte o BE. Como tal uma candidatura duvidosa e sem coerência", concluiu Joaquim Judas, que espera que o concelho de Palmela e o distrito de Setúbal [distrito bandeira para os comunistas] vote “em força” Francisco Lopes.
Paulo Jorge Oliveira
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