Agricultura


Maçã Riscadinha vai ser certificada

A Maçã Riscadinha de Palmela vai ser certificada no próximo ano, uma vez que o processo já se encontra em fase de aprovação por parte do Ministério da Agricultura, antes de seguir para Bruxelas. Assim espera João Pinóia, presidente da Cooperativa Agrícola local, entidade empenhada no reconhecimento desse fruto da região.
Depois de 12 anos de burocracia, não podia estar mais satisfeito, apesar de os produtores ainda terem algumas reservas perante o possível aumento de preço, que poderá influenciar a escolha do consumidor. “Têm de interiorizar que depois a venda vai ser maior. Os custos vão decrescer se se vender mais, o que dá para pagar a certificação”, defendeu o presidente, exemplificando com a Maçã de Alcobaça, muito procurada por ser autenticada.
A conversa com o Novo Impacto decorreu a 23 de Novembro, depois do seminário que transmitiu as vantagens da denominação de origem protegida. António Mantas, engenheiro na SATIVA (empresa que irá certificar a Maçã Riscadinha), explicou que os compradores exigem, cada vez mais, informações acerca da higiene e segurança dos alimentos. Quem, onde, quando e como se produz. Por sua vez, Belarmino Alves, presidente do Conselho de Administração da FELBA – Promoção de Frutos e Legumes da Beira Alta, defendeu que é necessário aumentar a capacidade profissional dos fruticultores, ou seja, aumentar a produtividade, reduzir os custos e diminuir a quantidade de maçã com baixo valor comercial. Objectivos que poderão ser atingidos através da certificação, tal como aconteceu com a Maçã Bravo de Esmolfe e Maçã da Beira Alta. Estes frutos alcançaram um lugar no mercado, depois de terem sido desenvolvidos logótipos e embalagens. Foram igualmente divulgados em feiras e palestras, enquanto os agricultores receberam formação em várias áreas.

Agricultores precisam de modernizar-se


Nuno Russo, director regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, questionou o impacto económico dessas medidas. Belmiro Alves respondeu que “os resultados são bons”, mas os agricultores precisam de se modernizar, estão envelhecidos. Em seguida, e aproveitando que Nuno Russo é representante do Governo, apelou a uma promoção dos jovens por parte do Ministério da Agricultura. “Tem que ter uma resposta continuada aos jovens, apoios mais directos e objectivos”. Uma “provocação” à qual Nuno Russo não deu resposta. Quanto à falta de jovens, até entre os 40 espectadores se fez sentir. No entanto, dois deles tiraram dúvidas com Fátima Sousa Dias, da Direcção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, que apresentou os apoios aos investimentos na instalação de pomares. Essa falta também é uma preocupação de João Pinóia, já que a grande maioria dos 300 fruticultores associados pertence a faixas etárias mais elevadas. Uma situação que, futuramente, poderá colocar em causa a produção de maçãs. Por agora, são produtos que conduzem para a riqueza e imagem local, tal como disse Ana Teresa Vicente, presidente da Câmara Municipal de Palmela.


Helena Correia

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