Seita que violou crianças em Palmela conhece sentença

O líder do grupo e principal arguido no processo pede pena máxima 

O Tribunal de Setúbal agendou para esta terça terça-feira a leitura do acórdão do processo em que oito arguidos que alegavam integrar uma seita estão acusados de abuso sexual de crianças numa quinta de Brejos do Assa, no concelho de Palmela. Nas alegações finais, o principal arguido no processo por alegado abuso sexual de crianças, incluindo o seu filho, pediu para si próprio a pena máxima de 25 anos de prisão, mais do que tinha sido pedido pelo Ministério Público (23 anos). Ao todo, oito crianças, com idades compreendidas entre os seis e os quinze anos, foram sujeitas a várias práticas sexuais. 
Tribunal decide pena para líder da seita "verdade celestial" 

O líder do grupo e principal arguido no processo, que se fazia passar por psicólogo e que se intitulava como mestre da falsa seita religiosa “Verdade Celestial” – uma capa, segundo a acusação, para esconder os alegados abusos sexuais de crianças -, estava acusado de dezenas de crimes de violação, lenocínio e pornografia de menores, entre outros.
Entre as vítimas dos crimes está o filho do principal arguido no processo, que terá sido vítima do pai.
Segundo a acusação, os arguidos “revelavam um total desrespeito pelas crianças” que frequentavam a quinta para terem explicações ou participarem em atividades organizadas pelo líder do grupo. As crianças eram convencidas de que as sevícias sexuais a que eram sujeitas eram “atos purificadores”.
O caso chegou ao conhecimento da Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal, que, em Junho de 2015, efetuou uma operação policial que culminou com a detenção de oito pessoas – cinco homens e três mulheres.
Na mesma operação efetuada na quinta de Brejos do Assa, no distrito de Setúbal, a polícia apreendeu computadores, colchões, vídeos e fotografias, elementos de prova no julgamento, que decorreu à porta fechada.
Os residentes nos Brejos do Assa nunca se terão apercebido do que realmente se passava, uma vez que as vedações altas ajudavam a esconder o que se passava no interior daquele espaço.
A leitura do acórdão está marcada para as 13h30 no tribunal de Setúbal.
Rui Pedro, o líder da seita, afirmava que era o ‘mestre’ e sob este pretexto dizia aos pais das crianças que elas tinham de passar a noite consigo na quinta para serem ‘curadas’. Era nessa altura que eram sujeitas às violações. Os abusos eram gravados e os vídeos vendidos a outros pedófilos na internet.
Durante o julgamento, apenas falaram dois dos oito arguidos que apontaram o dedo ao cabecilha da rede, que chegou mesmo a abusar sexualmente de um dos filhos e a enviar fotos do menino nu a outros violadores.

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