Autoeuropa comunicou novos horários de trabalho

Autoeuropa paga sábado em dobro e vai contratar mais 400 pessoas. Sindicato e trabalhadores rejeitam 


Representantes dos operários apelam ao regresso das negociações. Proposta será discutida em plenário a 20 de Dezembro. O novo horário imposto pela Autoeuropa a partir de 29 de Janeiro foi mal recebido pela comissão de trabalhadores. O órgão que representa os operários da fábrica de Palmela “rejeita por completo” a decisão da administração e apela ao regresso das negociações. A administração da Autoeuropa comunicou aos trabalhadores que vai funcionar todos os sábados a partir do final de Janeiro. Este será o novo horário da fábrica de Palmela do grupo Volkswagen em 2018, de acordo com a nota interna enviada aos mais de 5700 trabalhadores esta terça-feira. O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul disse hoje que está completamente contra uma eventual decisão “unilateral” para um novo modelo de horário na Autoeuropa. Vieira da Silva, ministro do Trabalho, junta administração e comissão de trabalhadores na sexta-feira. 
Trabalhadores continuam sem aceitar horários na Autoeuropa

A Autoeuropa vai mesmo contratar mais 400 pessoas no próximo ano para poder criar uma quarta equipa de produção. É a forma, escreve o Diário de Notícias, de a fábrica de Palmela poder responder à forte procura do modelo T-Roc e que levou a administração a impor um novo horário de trabalho a partir de 29 de Janeiro. A decisão foi rejeitada pela comissão de trabalhadores e pelos sindicatos, que convocaram já plenários para a próxima semana. Vieira da Silva, o ministro do Trabalho, vai juntar à mesma mesa, na sexta-feira, trabalhadores e administração para tentar evitar o agudizar da tensão.
"De Janeiro a Agosto precisamos de qualificar e preparar uma quarta equipa. Vamos rapidamente dar início aos processos de vaga interna para a identificação de colaboradores necessários para as funções mais qualificadas e começar com as ações de formação necessárias", refere a administração da Autoeuropa na nota interna enviada ontem aos trabalhadores, onde anuncia os novos horários, depois do "chumbo" de dois pré-acordos assinados com as comissões de trabalhadores.
De acordo com o Diário de Notícias, as contratações vão arrancar no início do próximo ano para funções de reparação e manutenção do T-Roc.
A preparação da quarta equipa irá decorrer ao mesmo tempo que a fábrica passará a funcionar todos os sábados. Entre 29 de Janeiro e até às férias de Agosto, haverá dois tipos de turnos, em semanas de cinco dias de trabalho: turno da noite a funcionar de segunda a sexta-feira, com as folgas fixas ao sábado e domingo; turno da manhã e da tarde, de segunda-feira a sábado, mas com uma folga fixa ao domingo e uma folga rotativa de acordo com o calendário individual. Esta proposta de horário é semelhante à apresentada no início do ano pela empresa. 
Ou seja, "em cada dois meses garantem-se quatro fins de semana completos e mais um período de dois dias consecutivos de folga". Por cada sábado na fábrica, no entanto, os operários vão receber o dobro, por contar como trabalho extraordinário, mesmo com uma semana de cinco dias de trabalho. A fábrica de Palmela tem estado a laborar em alguns sábados desde o final de outubro.
Haverá ainda um "prémio adicional de 25 por cento sobre os sábados trabalhados no trimestre, de acordo com o cumprimento do volume planeado para o trimestre" e que será pago a cada três meses.
O horário de trabalho após Agosto será discutido ao longo do próximo ano. A comissão de trabalhadores rejeita a decisão e exige o regresso imediato das negociações. 

Sindicato e trabalhadores  rejeitam imposições da administração
Trabalho ao sábado está longe de agradar aos funcionários 
Em comunicado, a Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa "rejeita por completo esta decisão da administração, pois entende que deverá ser retomado o processo negocial".
Nesse sentido, "também a pedido dos trabalhadores", a Comissão de Trabalhadores "convoca plenários para o próximo dia 20 de Dezembro", tendo como ponto de ordem de trabalhos: discutir a situação da empresa e exigência de nova negociação, apresentação do caderno reivindicativo e outros.
A Comissão de Trabalhadores reitera que "este modelo de horário e as suas condições são mais desfavoráveis e contrariam a vontade expressa pela maioria dos trabalhadores".
O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Ambiente do Sul (SITE Sul) que representa os trabalhadores da Autoeuropa, também rejeita os horários impostos pela administração. A administração esteve reunida com o SITE SUL esta terça-feira. No final do encontro, Eduardo Florindo, coordenador do sindicato, disse que, apesar da atitude da empresa, os funcionários apresentaram propostas alternativas."Estamos totalmente contra essa situação e apresentámos propostas alternativas. Passam, algumas delas, pelo trabalho ao sábado ser voluntário e também pela melhoria das condições financeiras", revelou o sindicalista.
Eduardo Florindo adiantou que o sindicato e a administração da Autoeuropa têm nova reunião marcada para a próxima semana e acredita que ainda é possível encontrar uma solução apelativa tanto aos funcionários como à administração da empresa.
"Estamos otimistas", afirmou o coordenador do SITE SUL, "a bola está do lado da administração porque estão criadas as condições para se encontrar uma solução que agrada a ambas as partes".

Fábricas do parque industrial também reforçam equipas 
Além dos 400 trabalhadores que a Autoeuropa vai contratar para o T-Roc, muitas das empresas que fornecem a fábrica vão também reforçar as equipas, adiantou Daniel Bernardino ao Diário de Notícias. "Mas há o risco de não haver trabalhadores formados em número suficiente, o que pode pôr a segurança em causa", avisou o coordenador das comissões de trabalhadores do parque industrial da Autoeuropa.
Em 2018, prevê-se que sejam produzidos 240 mil automóveis na Autoeuropa; hoje, já saem das linhas de montagem 860 carros por dia. O T-Roc é crucial para a estratégia de vendas da VW e é o primeiro grande modelo saído de Palmela em larga escala. A Autoeuropa representa um por cento do PIB nacional.

Agência de Notícias 

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