Privatização da Soflusa e Transtejo vai avançar

Ligações fluviais do Tejo vão passar para privados

O Governo prepara-se para lançar esta semana as consultas públicas para avançar com as concessões a privados da Transtejo e da Soflusa. O processo, que não deverá estar concluído antes do final do Verão, facilitará a fusão das duas empresas, esperada há já vários anos. Antes disso, o executivo dará o tiro de partida aos concursos para a exploração da Metro de Lisboa e Carris, caso a autarquia da capital não fique com a gestão das duas transportadoras, e da Metro do Porto e STCP, também na cidade do Porto. 


Governo quer privatizar travessia fluvial no Tejo 

Segundo escreve o jornal Público, a intenção é divulgar a consulta pública até ao final desta semana. Um passo que, tal como aconteceu com as restantes quatro empresas, permitirá aos interessados, candidatos e outras entidades, dar resposta a um conjunto de questões a colocar sobre o modelo das concessões. É com base nestes esclarecimentos que o Governo definirá o esqueleto dos concursos públicos, que fazem parte do Plano Estratégico dos Transportes, apresentado à troika ainda em Novembro de 2011.
No caso da Transtejo e da Soflusa, esta operação poderá acelerar a fusão entre as duas transportadoras, que já é falada, pelo menos, desde 2006. Ao mesmo tempo, também poderá tornar-se mais fácil fundi-las com a Metro de Lisboa e a Carris, uma intenção que o Governo anunciou em Abril do ano passado, mas que acabou por ficar suspensa com a demissão do presidente destas duas empresas, na sequência da polémica dos swaps.
Em entrevista ao Público, o presidente da Transtejo lamentava o facto de “já se falar há demasiado tempo na concessão dos transportes a privados”, acrescentando que “quando se tem um objectivo concreto e se demora muito tempo a concretizá-lo, perde a credibilidade”. João Pintassilgo, cujo mandato terminou há quatro anos e ainda aguarda por substituto, referiu ainda que a decisão depende exclusivamente do Governo.

Sindicatos consideram privatização um erro
O coordenador da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS) considerou que o lançamento da consulta pública para a concessão a privados do grupo Transtejo é um “erro” que não vai resolver os problemas.
“Penso que depois dos resultados eleitorais da noite de domingo o Governo devia refletir sobre as políticas que tem vindo a seguir. Esta informação é uma péssima notícia e mais um passo errado deste Governo”, disse José Manuel Oliveira.
As duas empresas fazem parte do grupo Transtejo, que é responsável por todas as ligações fluviais no rio Tejo entre o distrito de Setúbal  e Lisboa e eram as únicas, das que vão ser concessionadas, que ainda não tinham sido alvo de uma consulta pública – período para surgimento de eventuais interessados.
“Já se sabe que a privatização não resolve os problemas das empresas de transportes, que são as dívidas. O Governo já disse que o objetivo é concessionar as operações, que é a parte que dá lucro, dando depois apoios para a exploração”, salientou o dirigente sindical.
José Manuel Oliveira referiu que o Estado vai ter de continuar a pagar ou então os preços dos títulos de transporte têm de aumentar.
“As empresas privadas querem lucro. Ou o Estado paga a diferença entre as receitas e os custos ou então aumenta muito os preços dos bilhetes, o que vai afastar as pessoas dos transportes públicos”, concluiu o sindicalista.
A Soflusa é a responsável pelas ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa, enquanto a Transtejo tem as ligações do Montijo, Seixal, Cacilhas, Porto Brandão e Trafaria à capital portuguesa.


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