Que feitiosinho!

Reticências da Sociedade by Ana Sofia Horta
Que feitiosinho!

Se há coisa que odeio é este tipo comentários: “mas não temos todos um feitiosinho”? Quando é que se considera uma personalidade forte? Eu sou como sou, sou assim e tenho sofrido alterações: o meu corpo apesar de gostar dele... é apenas a casa onde eu habito.


Já me disseram que não posso ser assim, que tenho um feitiosinho, mas continuo a ser assim, acima de tudo de primeiro quero agradar-me a mim e não aos outros, existirá gente também com um feitiosinho que gostarão do meu.
Tenho o meu nome de registo Ana Sofia, e tenho as alcunhas que fui ganhando na vida: pipoca, sofiazinha, fifi, sossó, Pia etc. Respondo todos com o maior carinho, desculpem se me chamam Ana e não olho, mas não me identifico com esse nome e é raro chamarem-no.
Gosto de fazer o que me dá na “telha”, não me incomoda o que os outros pensam e por isso têm tendência para atacar, lá está falta de vida própria.
Através de imagens exprimo sentimentos. Expressões faciais que demonstram o que vai por dentro; sou o conteúdo de uma imagem, um conteúdo escondido, uma beleza interior ou não que só é conhecida com o meu contacto. Imagens em momentos de felicidade, desespero, sentimentos digitalizados.
Ou para alguns, apenas eu. Não sou diferente por um sinal, ou pela minha cara, sou diferente pela minha personalidade.
Sou feita de amores e desamores, composta por risos e lágrimas.
Tenho um pouco de vento, chuva, muito sol e muito mar.
Sou forte como o fogo, mas que desaparece com um pouco de água!
Sou feliz como sol e tenho a força do vento!
Sou feita de pedaços de livros, memórias e recordações, não as vivo, recordo-as e faço delas um sorriso e uma memória a partilhar!
Sou feita de amor, medo, amizade, compaixão.
Amo tudo o que tive, tenho e hei-de ter.
Quero vida, quero poder sorrir, gritar e chorar!
Por vezes uma criança que necessita de atenção, mimos e apoio!
Por vezes uma mãe que acaricia e mima qualquer “filho” que precise!
Por vezes adolescente que procura divertir-se e alegrar-se com os amigos.
Por outras vezes um idoso, que precisa de paz, descanso e que nem sempre está alegre com os que o rodeiam.
Mas eu sou assim, e a minha vida é assim. Agradeço ao fogo por queimar, e há chuva por apagar qualquer fogo que surja.
Não desisto, acredito em mim, e em quem me rodeia:
Pois em vocês quero ser um pedaço de um livro, a água e a chuva e sempre uma mãe.


Ana Sofia Silva Horta
Educadora de Infância no Desemprego
Oeiras 

[Escreve todas as terças-feiras na rubrica Reticências da Sociedade]






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