Utentes revoltam-se: menos barcos, mais confusão na travessia Seixal–Lisboa

Transtejo falha reforço e utentes denunciam menos carreiras e caos nos comboios

A travessia entre Seixal e Lisboa está a transformar-se num quebra-cabeças diário para centenas de passageiros. Em vez do prometido reforço de ligações, os utentes denunciam que a Transtejo cortou carreiras nos horários de maior afluência, obrigando muitos a recorrer ao transporte ferroviário já sobrecarregado.
Travessia Seixal-Lisboa continua a causar frustração entre utentes

A Comissão de Utentes dos Transportes Públicos do Seixal veio a público rebater as alegadas melhorias anunciadas pela transportadora. Ao contrário do que foi divulgado, afirmam que a oferta de viagens não só não aumentou, como diminuiu, sobretudo em horários críticos como as manhãs e as noites.
“Durante a manhã [de quinta-feira] foi suprimida uma ligação, e ao final do dia cortaram duas. Apenas à tarde foram adicionadas duas carreiras, mas no cômputo geral, há menos um trajeto por dia”, aponta José Magalhães, dirigente da Comissão.
O problema, explica, não é novo. “Tudo começou com a aquisição dos navios elétricos. A Transtejo comprou dez, mas só seis chegaram e apenas três estarão a operar com regularidade”, refere. Atrasos na entrega, problemas com baterias, processos judiciais e lentidão nos testes e licenciamento contribuem para que a maioria das embarcações ainda não esteja funcional.
Além disso, a construção dos postos de carregamento elétrico também está atrasada, o que agrava a situação. A falta de embarcações leva à supressão de viagens e empurra os passageiros para os comboios, que acabam por circular sobrelotados criando um efeito dominó no sistema de transportes da margem sul.

Insegurança e receios nas novas embarcações
A insegurança operacional das novas embarcações também está no centro das preocupações. “O casco de alumínio dos navios é mais frágil e não há as proteções laterais habituais. Algumas tripulações mostram receio nas manobras de acostagem, o que torna as viagens mais demoradas”, alerta Paulo Machado, também da Comissão.
Enquanto isso, os passageiros continuam a enfrentar atrasos, sobrelotação e incerteza diária numa travessia que deveria ser rápida e eficiente.

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