Mergulho Motard Solidário a começar o ano em Setúbal

Primeiro banho do ano sensibilizou a população para a realidade dos cuidadores informais

Mais de trezentas pessoas participaram, dia 1, de manhã, na Praia da Figueirinha, no Mergulho Motard Solidário 2024, evento de cariz solidário, com a presença do presidente da Câmara de Setúbal, André Martins. A iniciativa, a favor da Panóplia de Heróis – Associação Nacional de Cuidadores Informais, foi organizada pelo quinto ano consecutivo por João e Cristina Raposo, com diversos apoios, incluindo do município, tendo o presidente André Martins apontado que se trata de “uma boa causa”, pela “dignidade” de quem se confronta com a necessidade de cuidar de outras pessoas. O evento, no espírito de primeiro banho do ano, sensibilizou a população para a realidade dos cuidadores informais e para a necessidade de angariar fundos para a associação.
Banho "frio" para lembrar espírito solidário 


“Só quem passa por estas situações é que sabe dar o valor de vivermos uma vida sem termos problemas destes”, afirmou André Martins, salientando ser preciso que o Estado crie “condições para que todos tenham direito” a uma vida digna e sem estar presa ao facto de se ser cuidador.
O autarca recordou que muitas pessoas “ficaram com a sua vida fortemente condicionada por situações destas” e considerou que “o Estado tem de dar o apoio devido” aos cuidadores informais, para que “possam viver uma vida com dignidade e com direitos, como todos os outros cidadãos”.
O organizador do evento, João Raposo, recordou a sua experiência e de Cristina para cuidarem da filha Sofia, que morreu em 2016 aos 11 anos, período ao longo do qual lutaram “para que respirasse, se alimentasse e vivesse sem dor”.
Pequenos empresários “sem qualquer tipo de ajuda”, tiveram de “fazer escolhas difíceis e tomar decisões ainda mais difíceis”, ficando-lhes depois, “além da dor na alma, as doenças emocionais e do corpo” de quem cuida de alguém da forma como eles cuidaram e “o sentimento de prisão perpétua de quem deve ao Estado”, porque tiveram de optar entre pagar os tratamentos da filha e os impostos.
Em Portugal, “as ajudas efetivas” aos cuidadores informais “são muito poucas” e “a burocracia é enorme”, indicou João Raposo, sendo importante “que o Estado esteja preparado para ajudar quem precisa”.
A presidente da Associação Nacional de Cuidadores Informais, Liliana Gonçalves, salientou que cuidar não é só uma responsabilidade da família, pois existem muitos cuidadores que são amigos de quem cuidam, e trata-se de um “trabalho muitas vezes de 24 sobre 24 horas e que na sociedade é um bocadinho invisível”.
Liliana Gonçalves afirmou que cuidar “não tem de implicar sofrimento, perda financeira e vidas suspensas”.
A iniciativa, igualmente com o apoio do Moto Clube de Setúbal e das empresas Charroque da Profundurra, Palavras com Arte, MM Coast Parts e Gato Assiste, às quais este ano se juntou a Indian Motorcycles, reuniu pessoas que cuidam ou cuidaram, de forma regular ou permanente, de familiares e outros cidadãos em situação de dependência.

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