Um ano depois de se desvincular do Chega, o vereador independente junta-se ao executivo comunista
Um ano depois de se desvincular do Chega, o vereador independente da Câmara do Seixal, Henrique Freire, vai integrar o executivo camarário comunista com o pelouro da Fiscalização e Contra-Ordenações. A proposta apresentada esta quarta-feira pelo presidente da autarquia do Seixal (CDU), na reunião de câmara, foi aprovada com os votos favoráveis da CDU e do vereador em questão (atualmente sem pelouro ou função executiva) e a abstenção dos quatro vereadores do PS e do vereador do PSD, que deixaram muitas criticas a esta posição. Na verdade, com a entrada de Henrique Freire no executivo, a autarquia da CDU garante a governabilidade com maioria absoluta.Autarca vai gerir pelouro da Fiscalização e Contra-Ordenações |
“Há a proposta de alargar o número de vereadores a tempo inteiro de quatro para cinco considerando que existem áreas que pela sua importância também deverão ter um vereador a tempo inteiro que é caso da Fiscalização e do gabinete de Contra-ordenações recentemente criado”, disse o presidente.
Em Fevereiro de 2022 o partido Chega anunciou a retirada da confiança política ao vereador no Seixal, Henrique Freire, por este ter viabilizado orçamentos municipais da CDU.
Na altura Henrique Freire reagiu indicando que a decisão de se afastar foi sua.
Outros quatro autarcas eleitos no Seixal pelo Chega, dois deles na Assembleia Municipal, também decidiram na altura desfiliar-se do partido assumindo os seus cargos como independentes.
Esta quarta-feira Henrique Freire foi o nome apresentado pelo presidente da autarquia, Paulo Silva, para o alargamento do número de vereadores com pelouro e a tempo inteiro, passando assim a integrar o executivo camarário, um tema que gerou um longo e aceso debate na reunião de câmara.
Eduardo Rodrigues, vereador do PS, disse que esta foi uma estratégia do executivo camarário para criar uma maioria definitiva.
“Desejo todo o sucesso, mas não posso deixar de dizer o que sabemos ser a realidade”, disse adiantando que este anúncio “leva a pensar que foi um jogo bem trabalhado para atingir um objetivo” de entrar “através de um partido de extrema-direita e depois juntar-se ao PCP”.
“Coitado do Álvaro Cunhal que deve estar a dar cambalhotas no caixão porque nunca pensaria ele que algum dia o PCP iria fazer uma aliança com a extrema-direita radical portuguesa”, frisou.
Elisabete Adrião, também vereadora socialista, disse que este anuncio não é surpresa uma vez que o vereador Henrique Freire já viabilizava praticamente tudo nas reuniões de câmara enquanto Miguel Feio (PS) apontou que esta quarta-feira houve uma mudança de paradigma.
Já Bruno Vasconcelos, do PSD, referiu que a decisão camarária enfraquece o executivo o que para o seu partido “ainda bem”.
“Ver o PCP a garantir a governabilidade com votantes da extrema-direita é surreal e deixa perplexa qualquer pessoa. Eu acho que vos enfraquece e para mim ainda bem “, referiu.
As justificações do vereador e do presidente da Câmara
Freire desvinculou-se do Chega há um ano |
“Não tenho nada a ver com o Chega, não faz parte da minha vida, é passado, e eu estou aqui para o presente e para o futuro”, frisou explicando que vai gerir áreas que conhece numa autarquia na qual é funcionário há 25 anos.
Já o presidente da autarquia, Paulo Silva, disse que “sempre foi prática do Partido Comunista Português, enquanto força politica que tem gerido os destinos da Câmara do Seixal desde o 25 de Abril, dar pelouros a todas as forças políticas mesmo tendo maioria absoluta.
No inicio do mandato, explicou, foram feitas propostas a todos os partidos, exceto a Henrique Freire porque com o Chega o PCP não tinha qualquer conversa.
Paulo Silva disse ainda que o vereador Henrique Freire tem demonstrado que nada tem a ver com os princípios do partido Chega no papel que tem vindo a desempenhar dando como exemplo a aprovação do Plano para a Integração das Comunidades Ciganas.
“Apesar de ser uma matéria que toda a gente sabe o que o partido Chega pensa sobre isso ele (Henrique Freire), ainda nessa altura estando no partido Chega, não teve qualquer problema de votar a favor do plano apresentado e até o defendeu publicamente”, disse.
Agência de Notícias com Lusa
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