Costa de Caparica, Gaio Rosário e Sado em risco

Localidades junto ao Tejo e Sado podem ficar debaixo de água

O Coordenador do Plano Metropolitano de Adaptação às Alterações Climáticas fala numa situação crítica que exige medidas imediatas. Toda a costa portuguesa vai ser afetada pelas alterações climáticas e pela subida do nível da água, mas o concelho de Almada, nomeadamente na Costa de Caparica, será o caso mais grave se não forem implementadas medidas. O alerta é dado por um dos coordenadores do Plano de Adaptação às Alterações Climáticas, da Área Metropolitana de Lisboa. Mas o novo aeroporto do Montijo, Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos, na Moita e a Freguesia do Sado, em Setúbal, são as localidades onde há mais preocupação. Há prédios no concelho de Almada que vão ter de ser relocalizados. 
Subida do Mar coloca em risco Costa de Caparica 

O estudo, que foi encomendado pela autarquia de Lisboa e foi apresentado na sexta-feira, conclui que, em muitas localidades, as populações vão ter de aprender a conviver com cheias frequentes e problemas de saúde decorrentes do calor. Muitas habitações e projetos públicos, como o possível futuro aeroporto do Montijo, podem ficar inundados.
De acordo com o jornal Público, que avançou a notícia, a erosão costeira e o recuo da linha de costa irá afetar sobretudo o concelho de Almada.
Segundo o especialista, a subida do nível das águas do mar é um dos pontos prioritários e avança que esta cidade do concelho de Almada deverá enfrentar uma relocalização de algumas áreas edificadas.
"A curto prazo o que mais me inquieta é a questão costeira, nomeadamente o caso de Almada. Temos até compromissos de retirada de algumas áreas edificadas que estão críticas, expostas ao risco de galgamento e inundação. Já está consagrado e inclusivamente o Governo aprovou", avançou.
De acordo com Sérgio Barroso, as "implicações da subida das águas do mar dentro dos estuários do Tejo e das águas do Sado representam um problema para o qual não estamos preparados".
À Rádio Renascença, Nuno Matias, vereador do Ambiente da câmara de Almada, explica que a autarquia já identificou as necessidades de realojamento de habitantes em zonas de risco. "Uma das coisas que a câmara tem vindo a desenvolver é, exactamente, a identificação das necessidades de realojamento reais de bairros que estão situados em zonas de risco", esclarece.
Para Francisco Ferreira, da Zero, a preocupação deveria ser nacional, pois as alterações climáticas vão afetar toda a costa litoral portuguesa.
“Esta questão é transversal a todo o território. Estamos a ver que as casas, as indústrias e a ocupação junto ao mar e nos estuários estão em risco e vai custar muitos milhões para conseguirmos retirar muita da ocupação que essas zonas têm atualmente ou para procurar minimizar esses efeitos”, argumenta.

Moita e Setúbal também em risco elevado 
Até 2100, os estuários do Tejo e do Sado devem subir cerca de 90 centímetros. A subida das águas em quase um metro é grave porque as entidades e as pessoas “não estão minimamente preparadas para isto” e persiste uma “cultura de ocupação” das zonas próximas aos rios.
“Estes efeitos são mais novos porque não temos memória, não há registos, e é difícil até as pessoas compreenderem que isto vai mesmo acontecer”, disse Sérgio Barroso, responsável técnico pelo estudo.
Há concelhos que tem freguesias onde a totalidade da população está em risco de ficar debaixo de água. Além da freguesia da Costa de Caparica (em Almada), a União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos, na Moita e a Freguesia do Sado, em Setúbal, são os casos "mais graves". Cascais, Oeiras, Sintra, Loures e Odivelas [no distrito de Lisboa] são outros municípios em risco.
O nível do mar subiu 1,7 milímetros por ano durante todo o século XX, num total de 20 centímetros, e essa subida acelerou bastante nas últimas décadas. Na década de 90, a subida anual duplicou, para os 3,6 milímetros por ano, e na década seguinte, entre 2000 e 2013, já era de 4,1.

Agência de Notícias com Lusa 
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