Moita tem dois hotéis de insetos no Vale da Amoreira

Joaninhas, borboletas e zangões em vez de pesticidas para cuidar do parque horticultura 

A nova zona ecológica do Parque Hortícola do Vale da Amoreira, no concelho da Moita, recebeu recentemente unidades hoteleiras para as mais desejadas populações do momento; insetos que possam combater pragas e ajudar à polinização. Os dois hotéis de insetos, construídos por crianças e monitores do grupo de Actividades de Tempos Livres do Centro de Idosos e Reformados do Vale da Amoreira, destinam-se, explica a Câmara da Moita, "a atrair e acolher temporariamente abelhões, joaninhas, borboletas, crisopas e zangões para que ajudem a preservar o equilíbrio do ecossistema". A autarquia garante que a ideia também irá chegar aos jardins públicos do concelho. O Parque Hortícola do Vale da Amoreira, tem 80 hortas urbanas e foi recentemente beneficiado com uma nova zona de protecção ecológica criada pela Câmara da Moita, num investimento de 122 mil euros com apoio financeiro do programa comunitário Portugal 2020. 
Hotéis para insetos ajudam meio ambiente 

Dois “hotéis de insetos”, construídos pelo ATL do Centro de Idosos e Reformados do Vale da Amoreira com o apoio da Câmara da Moita, foram colocados na Zona Ecológica do Parque Hortícola do Vale da Amoreira. Trata-se de uma zona contígua à área reservada a hortas que foi criada em 2018, com apoio financeiro do Programa Lisboa 2020, tendo como objetivo "principal proteger a linha de água aí existente e construir uma galeria ripícola, ou seja, uma zona naturalizada de vegetação com árvores, arbustos e herbáceas que estabiliza as margens e atua como filtro biológico de depuração da água. Esta área inclui também um percurso interpretativo para visitação e educação ambiental", diz a autarquia. Os “hotéis de insetos” são estruturas construídas em madeira e outros materiais, para abrigo de diversos insetos que podem ser úteis no controle de pragas ou na polinização, tais como joaninhas, crisopas, borboletas, abelhas e zangões.
Segundo a Câmara da Moita, a colocação dos primeiros dois hotéis na zona ecológica correu “muito bem”. O vereador do Ambiente explica que nos primeiros dias não será muito perceptível a ocupação dos abrigos, uma vez que poderá até demorar alguns meses. Miguel Canudo diz ainda que o município está a preparar a colocação de mais quatros hotéis de insetos em várias zonas verdes do concelho.

Abrigos são muito comuns no Europa do Norte 
Os hotéis de insetos, construídos em estruturas de madeira, imitam a complexidade de pequenos habitats naturais, por isso são feitos com preponderância de materiais recolhidos na natureza, como canas, pinhas ou pequenos ramos. 
Embora ainda pouco vistos em Portugal, estes abrigos são muito comuns e populares noutros países, designadamente da Europa central e do norte, onde são colocados em jardins, tanto públicos como privados, e usados na agricultura biológica.
Entre os muitos tipos e espécies de insetos e outros organismos que se podem abrigar nestas estruturas há dois grupos principais; os polinizadores, como as abelhas e abelhões, e os que se alimentam de de outros organismos considerados pragas.
Embora quase passe despercebida, neste grupo dos insetos que combatem pragas, tem particular destaque a joaninha. Este "bicho colorido" é considerado benéfico e auspicioso em muitas culturas por ser um poderoso ajudante ou auxiliar na agricultura, sobretudo nos modos de produção mais sustentáveis sem pesticidas de síntese, como a agricultura biológica. 
A joaninha é um poderoso predador de pequenos insetos nefastos para as culturas, da família dos afídeos, que “sugam” a seiva das plantas, alimentando-se destes animais tanto no estado adulto como no estado mais jovem, de larva.
O terreno contíguo às hortas foi preservado com o objetivo de "proteger a linha de água e construir uma galeria ripícola", de acordo com a autarquia. Esta galeria é uma zona natural de vegetação, com árvores, arbustos e herbáceas que ajudam a estabilizar as margens da ribeira e atuam como filtro biológico para a depuração da água.
A linha de água foi regularizada, com estabilização das margens e protecção contra a erosão, e neste conjunto ecológico foi criado também um percurso interpretativo, para visitas e educação ambiental, especialmente dirigido às crianças de escolas e jardins-de-infância, mas aberto também à população em geral.


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