Utentes exigem melhores serviços de saúde no Barreiro

Marcha por melhores serviços de saúde com muita adesão

Os organizadores da marcha de protesto, contra os problemas na prestação de cuidados de saúde em quatro concelhos do distrito, Barreiro, Moita, Alcochete e Montijo, estão satisfeitos com a adesão da população e de várias entidades à iniciativa que decorreu no sábado. A marcha começou no Centro de Saúde da Baixa da Banheira e dirigiu-se à entrada do Hospital do Barreiro, juntando participantes ao longo do percurso, um grupo que se estendia por cerca de 500 metros, segundo José Fernandes, da Comissão de Utentes da Baixa da Banheira, uma das entidades organizadoras. Um dia antes, o Secretário de Estado da Saúde anunciou que as urgências do hospital do Barreiro "vão ser reestruturadas para terem melhores condições e possibilitar a redução dos tempos de espera", disse Manuel Delgado. 

Organização satisfeita com a adesão das pessoas à marcha 

"Mesmo com o tempo não muito bom, as pessoas e as organizações, autarquias e alguns sindicatos aderiram [à iniciativa] em defesa da melhoria dos serviços hospitalares e de cuidados de saúde primários", relatou à agência Lusa, no final da marcha, realçando que os utentes vão continuar a exigir os profissionais necessários e a humanização do atendimento.
Os organizadores do protesto informam que faltam 55 médicos, 65 enfermeiros, 40 assistentes operacionais e 11 técnicos de diagnóstico no Centro Hospitalar Barreiro Montijo. Acrescentam que esta situação trouxe elevados tempos de espera nas urgências e a perda de valências e sublinham que as contratações feitas recentemente não resolvem as necessidades do centro hospitalar. O pico da gripe agravou a situação, levando a que fossem desviadas ambulâncias do INEM para outros hospitais.
José Fernandes recordou que 76 mil utentes nos concelhos do Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete não têm médico de família e que no primeiro destes concelhos, do total de 14 profissionais, "somente dois ou três estão diariamente a receber os doentes, numa população de 30 mil habitantes".
Assim, os médicos "não conseguem prestar um bom serviço", realçou o representante dos utentes embora acrescente que "os profissionais de saúde a trabalhar em cada dia acabam por ser heróis ao tentar minimizar os problemas".

Além dos representantes das várias organizações, participaram na marcha as deputadas na Assembleia da República Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda (BE), Paula Santos, do PCP, e Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista os Verdes (PEV), disse o representante da Comissão de Utentes da Baixa da Banheira.

Governo anuncia investimentos no hospital do Barreiro 
Na sexta-feira, o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, visitou o Hospital do Barreiro e anunciou que as urgências desta unidade vão ser reestruturadas para terem melhores condições e possibilitar a redução dos tempos de espera, num investimento de cerca de 860 mil euros.
José Fernandes saudou esta decisão, defendendo que também resultou da luta da população, mas disse que os utentes não podem esperar um ano e meio, tempo que prevê para as intervenções.
"Esta é uma situação de exceção, requer medidas de exceção", frisou.

Administração quer resolver problemas

O presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo, Pedro Lopes, disse à Lusa que a sua equipa apenas entrou em funções em Novembro e que está a trabalhar para obter melhorias.
"O contrato-programa de 2017 prevê um incremento de produção. Queremos aumentar a atividade nas várias linhas assistenciais do hospital", afirmou.
"Temos um problema concreto das listas de espera e estamos a tentar combater as listas de cirurgia e das consultas externas. Estamos a contratualizar nas duas áreas e paulatinamente vamos ter resultados. Os tempos de espera vão ser encurtados", frisou.

Agência de Notícias com Lusa 

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