Setúbal despediu-se de Manuel Bola com aplausos

"Esta é uma grande perda para o concelho e para o país"

Família, amigos e diversas personalidades prestaram uma última homenagem ao ator e poeta Carlos Rodrigues, mais conhecido por Manuel Bola, que marcou várias gerações e fez história no teatro e na televisão. O funeral de Manuel Bola, que faleceu, aos 72 anos, no dia 11, de complicações respiratórias, realizou-se ontem de manhã no Cemitério de Nossa Senhora da Piedade, em Setúbal. A presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira, manifestou profundo pesar. “Esta é uma grande perda para o concelho e para o país. Manuel Bola era um homem de cultura”. 
Centenas de pessoas despediram-se do ator Manuel Bola 

A autarca, acompanhada do vereador da Cultura, Pedro Pina, recordou o sentido de humor do ator. “Vou ter muitas saudades do seu gracejo e dos trocadilhos que fazia entre mim e a sua esposa, com o mesmo nome que eu”.
Durante o funeral no Cemitério de Nossa Senhora da Piedade, a autarca leu o poema “Só queria pedir um favor”, do livro “Sem Amor”, da autoria de Manuel Bola, editado, em 2005, pela Estuário.
A fadista Piedade Fernandes, que cantara uma canção de homenagem no velório, realizado na Igreja do Convento de Jesus, foi uma das muitas personalidades que marcaram presença neste adeus a Manuel Bola.
O ator José Nobre, num discurso emocionado, afirmou que o falecido era um“grande homem”. Nascido a 3 de Setembro de 1944 na Travessa de S. Cristóvão, na Baixa setubalense, Manuel Bola, acrescentou José Nobre, “era um pai e um irmão ao mesmo tempo”.
A diretora do TAS – Teatro de Animação de Setúbal, Célia David, referiu-se a Manuel Bola como um “grande amigo” e afirmou que a companhia setubalense lhe “deve muito”.
Célia David acentuou ainda a liberdade como característica marcante da personalidade de Manuel Bola, que falava no seu ódio pela estupidez, pela inveja e hipocrisia. “Era a pessoa mais livre que conheci. Dizia tudo o que lhe passava pela cabeça. Dizia as verdades de uma forma bastante crua”.
O TAS homenageia o ator na reposição, para convidados, do espetáculo musical “Bocage, Inferno e Paraíso”, no dia 22 de Dezembro, às 21h30, no Teatro do Bolso.
“O Manuel tinha o coração do tamanho do mundo. Será uma marca eterna na nossa cidade”, referiu a poetisa Alexandrina Pereira.

Vida e obra de Manuel Bola
Carlos Alberto da Conceição Rodrigues era uma das figuras mais queridas e relevantes da cultura setubalense, tendo sido homenageado pela Câmara Municipal, em 1996, com a Medalha da Cidade de Setúbal na Classe Cultura.
Participou nos primeiros trabalhos da Ribalta, Grupo de Teatro do Ateneu Setubalense, e foi fundador e ator da TEIA – Teatro de Amadores de Setúbal.
Manuel Bola foi ator residente do Teatro Animação de Setúbal durante 27 anos e participou em muitas peças de teatro, como “O Gebo e a Sombra”, “O Pai Tirano” e a revista “Era uma vez em… Setúbal”, da qual escreveu o texto e de que foi encenador, em coautoria com Fernando Guerreiro e João Aldeia.
Em 1977, foi galardoado com o prémio Melhor Ator Ibérico atribuído pelo III Festival de Cinema Ibérico.
Fez também diversas personagens em conhecidos programas de televisão, como "A Banqueira do Povo", “Jardins Proibidos”, “Inspetor Max”, “Nós os Ricos”, “Os Malucos do Riso” e “Gente Fina é Outra Coisa”.
Com o objetivo de divulgar e promover o teatro e a literatura do país, realizou e produziu ações pedagógicas junto de escolas do ensino secundário do distrito, nomeadamente o projeto Versos Falados, que dava a conhecer aos alunos a poesia portuguesa durante uma aula da disciplina de português.
Além do teatro, escreveu letras para canções infantis, para música ligeira e marchas populares. Nos últimos anos dedicou-se igualmente à poesia, tendo publicado o livro “Sem Amor”, em 2005.

Agência de Notícias com Câmara de Setúbal 

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