Santiago do Cacém viveu dia histórico

Autarquia comemorou 120 anos da chegada do 1.º automóvel a Portugal


Exposição e desfile de carros antigos marcaram, o passado fim de semana, em Santiago do Cacém, as comemorações dos 120 anos da chegada do primeiro automóvel a Portugal, o Panhard & Levassor, pelas mãos do conde de Avillez. Segundo a Câmara de Santiago do Cacém, o Panhard & Levassor foi o primeiro automóvel importado para Portugal e a circular no país, em Outubro de 1895, pelas mãos de D. Jorge d'Avillez, um jovem aristocrata daquela cidade do distrito de Setúbal. O carro desembarcou em Lisboa e depois, a uma velocidade máxima de 15 quilómetros por hora, realizou "uma viagem histórica" para Santiago do Cacém, que demorou três dias e ficou marcada por um conjunto de peripécias, desde logo causou o primeiro acidente rodoviário em Portugal. Foi em Palmela, onde o primeiro carro da história atropelou um burro, lembra o município.
Este foi o primeiro carro a andar nas estradas portuguesas em 1895

Santiago do Cacém viveu, no dia 17 de Outubro, um momento histórico. Cumpridos que estão 120 anos da vinda do primeiro carro para Portugal, o Panhard & Levassor regressou ao seu primeiro destino e cativou centenas de curiosos, que puderam observar de perto uma autêntica relíquia. O Panhard & Levassor, que esteve em exposição na tarde de sábado junto à Câmara Municipal, foi mesmo a principal atração dos dois dias (17 e 18 de Outubro) das Comemorações dos 120 Anos do Automóvel em Portugal, uma organização conjunta entre a Câmara de Santiago do Cacém e o Clube de Automóveis Antigos da Costa Azul, com o apoio do Automóvel Club de Portugal.
Álvaro Beijinha, presidente da autarquia do litoral alentejano, classificou o momento como “uma oportunidade única para os santiaguenses e para quem nos visita. Santiago do Cacém está de Parabéns”, sublinha. O acontecimento foi também “uma forma de projetar Santiago do Cacém do ponto de vista cultural e turístico, este ano com a particularidade de termos cá o primeiro carro”, não deixando de fazer um “agradecimento ao Automóvel Club de Portugal”,entidade à qual pertence o Panhard & Levassor, cuja matrícula (AA-00-01) é, também ela, histórica.
A tarde foi animada com um desfile de meia centena de carros antigos e por uma gincana na Avenida D. Nuno Álvares Pereira, ainda antes do descerramento de uma placa evocativa dos 120 anos da chegada do primeiro automóvel a Portugal, junto ao edifício da Antena Miróbriga, onde se situou a primeira garagem do Panhard & Levassor.

Sobre o Panhard & Levassor
Há 120 anos, em Outubro de 1895, desembarcou, em Lisboa, o primeiro automóvel importado para Portugal. Proveniente de Paris, o Panhard & Levassor foi esperado com impaciência por D. Jorge d’Avillez, um jovem aristocrata de Santiago do Cacém.
A entrada desta estranha “mercadoria”, na Alfândega de Lisboa, levanta, desde logo, a dúvida sobre que taxa aduaneira aplicar: seria uma máquina agrícola ou uma locomóvel (máquina movida a vapor)? Adota-se esta última definição.
Depois da montagem das várias componentes numa oficina de carruagens e da colocação em marcha do seu motor de explosão, o Panhard & Levassor inicia a sua primeira viagem – que foi também a primeira viagem de automóvel em solo português −, com destino à casa D’Avillez em Santiago do Cacém.

O primeiro acidente... em Palmela 
À entrada da vila de Palmela, surge um burro no meio da estrada, que se recusa a arredar com a sua típica teimosia. O choque é inevitável e do atropelamento resulta a morte do burro. O dono vê-se então recompensado da sua significativa perda com a quantia de dezoito mil réis, o triplo do valor de um burro naquela época. A situação não deixou de fazer correr tinta e os jornais da época deram conta do acontecimento assim como da presença de tal carruagem que - pasme-se! - andava sem a ajuda de animais. Só não sabiam o que lhe chamar... Foi então, o primeiro acidente automóvel na história portuguesa. E logo na primeira viagem. 
A uma velocidade máxima de 15 km /hora, o Panhard & Levassor demorou três dias [o conde costumava demorar uma semana a chegar à capital] a realizar a viagem histórica para Santiago do Cacém, viagem essa marcada por um conjunto um assinalável de peripécias, para as quais a inexperiência dos tripulantes e a qualidade das estradas também contribuíram.
Três homens protagonizaram esta aventura: D. Jorge D’Avillez; Jules Phillipe, engenheiro na região, e Hidalgo Vilhena, outro santiaguense, pioneiro na arte fotográfica da época. A chegada doPanhard & Levassor ao seu destino, Santiago do Cacém, causou uma enorme sensação de entusiasmo e pasmo entre os habitantes da localidade.
O carro seria o herói de mais aventuras de Jorge, até este o ter vendido com a ideia de comprar um veículo mais moderno (a acção acabaria por não se concretizar por causa da morte precoce do conde por tuberculose). Dois proprietários e uma viagem para o Porto depois, o Panhard & Levassor acabaria por ser cedido ao Automóvel Clube de Portugal em 1953. Actualmente destaca-se no Museu dos Transportes e Comunicações.
Quanto à marca Panhard (já sem o & Levassor no nome), esteve na vanguarda da indústria automóvel no início do século XX. Até ter sido adquirida pela Citroën, pertencendo posteriormente à PSA Peugeot Citroën. Actualmente é uma submarca da Auverland, operando no mercado das viaturas militares.

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