35% da população sem médico em Alcochete

Assimetrias na prestação de cuidados de saúde afectam população

As assimetrias na prestação de cuidados de saúde do serviço público no concelho de Alcochete foi uma das preocupações manifestadas pela Vereadora da Saúde da Câmara de Alcochete na audição pública realizada no dia 18 de Fevereiro no auditório da Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça, na Moita. Segundo a autarca 35 por cento da população do concelho não tem médico de família. 

Moita discutiu os problemas da Saúde na região 
A Vereadora da Saúde da Câmara de Alcochete salientou que no concelho de Alcochete 35 por cento da população não tem médico de família e que “no início da década de 90, o Centro de Saúde de Alcochete tinha cinco Extensões de Saúde, quando hoje apenas tem duas, uma na Freguesia de Samouco, outra no lugar do Passil”, lembrando ainda que a Câmara Municipal tudo fez para manter em funcionamento a Extensão de Saúde de São Francisco.
“Conseguimos no mandato anterior inaugurar uma nova Extensão de Saúde em Samouco”, mas “a Câmara Municipal ainda não foi ressarcida deste investimento”, disse a autarca, referindo que “não sendo uma área de competência das câmaras municipais, na verdade são as câmaras municipais que, estando ao lado das populações, mais de perto sentem e tentam procurar respostas para satisfazer as necessidades essenciais e básicas da população”, ressalvou a autarca responsável pelo pelouro da Saúde em Alcochete.
Susana Custódio criticou ainda a empresarialização na área da saúde ao mencionar os vínculos precários dos “médicos de empresa”, situações “que conduzem a desigualdades e assimetrias, infelizmente, cada vez mais acentuadas” para a população e saudou as comissões de utentes, “porque só conjugando esforços vamos conseguir travar e inverter este caminho”.
No que respeita ao concelho de Alcochete, ´”os utentes por médico de família ultrapassam em larga medida o rácio definido: em Alcochete há um médico para 2.324 utentes, quando o rácio definido é de um médico para 1.666 utentes”, diz Susana Custódio, em 2008, o Serviço de Atendimento Permanente (SAP) do Centro de Saúde de Alcochete, que funcionava das oito às 20 horas, foi substituído pelo Atendimento Complementar, com um horário mais reduzido, e em 2010 encerrou a Extensão de Saúde na Freguesia de São Francisco.

Como estamos de Saúde?
“Como estamos de saúde?” foi o tema da audição pública promovida pela Câmara da Moita, que contou também, no primeiro painel intitulado “A perspectiva do Poder Local Democrático”, com a participação do Presidente da Câmara da Moita, Rui Garcia, da Vereadora dos Assuntos Sociais da Moita, Vivina Nunes, e da Vereadora da Intervenção Social da Câmara Municipal do Barreiro, Regina Janeiro.
A sessão teve início com a intervenção do Presidente da Câmara da Moita que saudou a plateia composta por autarcas e responsáveis por várias instituições do concelho, referindo que a audição pública está integrada no “Roteiro da Saúde”, uma iniciativa que decorre há dois meses e que consta de um conjunto de contactos com as instituições de saúde locais e regionais e sindicatos do sector da saúde para “conhecer mais directamente e localmente a situação dos cuidados de saúde” no município da Moita.
Rui Garcia destacou a dedicação e empenho dos profissionais de saúde, os problemas estruturais do Serviço Nacional de Saúde, as fragilidades dos equipamentos de saúde locais e a falta de médicos e de enfermeiros no concelho da Moita, onde existem mais de 20 mil utentes sem médico de família.
A audição pública na Moita terminou com a apresentação e discussão de um segundo painel, sobre a temática da “Importância do Serviço Nacional de Saúde: as perspectivas dos utentes e dos trabalhadores”.

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