Observatório revela as Duas Faces da Saúde

Governo rejeita críticas do Observatório da Saúde
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde acusa o Ministério da Saúde de não ter feito um diagnóstico aos efeitos da crise na Saúde dos portugueses e refere que um terço dos idosos não tem dinheiro para comprar os medicamentos. O Relatório de Primavera 2013 apresenta alguns indicadores preocupantes sobre os efeitos da crise, como o aumento de tentativas de suicídio e de casos de depressão e dificuldades de acesso a cuidados de saúde.

Relatório do Observatório de Saúde aponta impactos da crise na saúde 

O secretário de Estado Adjunto da Saúde rejeitou hoje as críticas do Observatório da Saúde sobre a atenção dada ao impacto da crise na Saúde, lembrando que o preço dos medicamentos baixou e as isenções das taxas moderadoras foram alargadas.
Fernando Leal da Costa admitiu, no entanto, que os cuidados de saúde primários podem ser melhorados, como refere o Observatório da Saúde, garantindo que "ainda há muito a fazer e que [o ministério] vai tentar corrigir a situação".
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde divulga hoje um relatório no qual acusa o Ministério da Saúde de não ter feito um diagnóstico aos efeitos da crise na Saúde dos portugueses e refere que um terço dos idosos não tem dinheiro para comprar os medicamentos que necessitam, óculos ou aparelhos auditivos.
"Não concordo. Na realidade, o Ministério da Saúde tem hoje um conjunto de ferramentas de avaliação e de indicadores de saúde e de comportamento das pessoas face a saúde que anteriormente não existiam", disse, adiantando que, hoje à tarde, vários dirigentes do ministério vão apresentar mecanismos de medição do impacto da conjuntura na Saúde.
Para Fernando Leal da Costa, é preciso haver uma separação entre dados objetivos e as dificuldades relatadas por determinados grupos populacionais, como os idosos.
"No caso concreto dos idosos não podemos esquecer que houve um esforço (...) e os medicamentos em Portugal estão mais baratos. Porventura nunca estiveram tão baratos como agora", afirmou à agência Lusa o secretário de Estado.
"Alguns medicamentos estão mais de 50% mais baratos do que durante a vigência do Governo anterior", sublinhou.

“Fomos além da 'troika' no bom sentido”
Além disso, acrescentou, o ministério da Saúde "teve o cuidado de avançar com um sistema de revisão de taxas moderadoras que deixou um maior número de isentos de pagamento, para proteger os mais desfavorecidos e os desempregados".
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde refere também a ausência de melhoramentos nos cuidados de saúde primários, apesar de terem sido previstos no Orçamento de Estado para 2012, e criticou a escassa oferta de apoios a doentes em fase terminal.
"Tenho de dizer que, no ano passado, o ministério da Saúde teve o maior orçamento dos últimos anos. Também aqui fomos além da 'troika' no bom sentido porque tivemos um orçamento que protegeu os cuidados de saúde", disse.
O secretário de Estado recusou ainda que o ministério esteja a fazer um racionamento ativo, salientando que a intenção é criar condições para que todas as pessoas sejam "tratadas com racionalidade e equidade".
Questionado sobre se vai ter em conta os alertas e sugestões contidas no documento, Fernando Leal da Costa disse que o ministério tem "por hábito" seguir toda a documentação que lhes é disponibilizada e garantiu que "as críticas, quando são construtivas, são sempre bem-vindas".


Observatório revela dados que provam impacto da crise na saúde
Ministério rejeita as críticas e realça esforço do Governo na Saúde 
No relatório do ano passado, os especialistas do Observatório Português do Sistema de Saúde (OPSS) alertavam para um “país em sofrimento”, com indícios de racionamento que estaria a dificultar o acesso dos portugueses a cuidados de saúde. No deste ano, o documento estratégico desmascara as “duas faces da saúde”, confrontando a “versão oficial” com dados e estudos disponíveis sobre a “experiência real das pessoas”. Um dos estudos mostra, por exemplo, que, entre uma amostra de idosos com mais de 65 anos, residentes em Lisboa, cerca de 30 por cento deixaram de utilizar alguns recursos de saúde por não poderem comportar os custos. Outro fala num aumento de 47 por cento de tentativas de suicídio e de 30 por cento dos casos de depressão registado numa unidade local de saúde.
O Relatório de Primavera 2013 tem uma capa com três pessoas sentadas na rua, junto a uma parede pintada com muitos pontos de interrogação, e tem um título: Duas Faces da Saúde. A explicação dos autores é simples: de um lado, temos um mundo “oficial, dos poderes, onde, de acordo com a leitura formal, as coisas vão mais ou menos bem, previsivelmente melhorando a curto prazo”. Esse será, segundo os autores do estudo, uma das actuais faces da saúde em Portugal. Mas há outra. Apresenta-se assim o mundo “da experiência real das pessoas, em que temos empobrecimento, desemprego crescente, diminuição dos factores de coesão social, e também uma considerável descrença em relação ao presente e também ao futuro, com todas as consequências previsíveis sobre a saúde”. Tal como no ano passado, os especialistas do OPSS continuam reféns de um país em crise e das consequências que isso tem ou pode ter na saúde dos portugueses.


Agência de Notícias 

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