Greve às avaliações põe alunos em risco

Braço de ferro pode atrasar candidaturas às universidades  

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) anunciou esta quarta-feira que vai debater amanhã, em plenários distritais, a possibilidade de prolongar “a luta em curso”. Em discussão estarão todas as formas de protesto, entre as quais o prolongamento, ou não, da greve às reuniões de avaliação interna dos alunos, que está a preocupar pais e directores das escolas. Os responsáveis da Fenprof criticam Nuno Crato de só os receber a 24 de Junho. “O Ministério da Educação está a jogar um jogo perigoso", diz Mário Nogueira. O atraso na preparação do próximo ano lectivo e a eventual dificuldade em lançar as notas dos exames na data prevista, 10 de Julho, são algumas das preocupações manifestadas pelos directores em relação à greve às avaliações que decorre desde dia 7 e não conta, já, com o apoio da Federação Nacional de Educação.

Greve às avaliações dificulta acesso ao ensino superior 
Depois da greve em dia de exames, os professores voltaram ontem a aderir à greve às reuniões de avaliação, organizando-se de modo a faltar apenas um docente por reunião, o suficiente para forçar o adiamento. A Fenprof garante que a percentagem de reuniões canceladas se manteve na ordem dos 95 por cento. O Ministério da Educação e Ciência não revelou números.
As notas internas têm de estar lançadas até 10 de Julho, data da publicação dos resultados dos exames, mas o calendário começa a apertar e as candidaturas ao ensino superior correm o risco de já não arrancar na data prevista: 17 de Julho. A greve às avaliações, iniciada dia 7, prossegue até sexta-feira, dia em que a Fenprof e outros sete sindicatos decidem se a prolongam por mais uma semana, de dias 24 a 28. Depois, sobram só oito dias úteis para realizar as reuniões até dia 10.
Neste tipo de reuniões, a falta de um dos docentes da turma leva ao adiamento obrigatório. É, por isso, como têm alertado os directores, uma greve "muito fácil de fazer". Os professores têm estado a organizar-se, de modo a que haja sempre um docente que falte à reunião do conselho de turma de que faz parte, o que obriga, por lei, ao seu adiamento e remarcação para as 48 horas seguintes. Há escolas que ainda não conseguiram fazer uma única reunião.

Nuno Crato recebe sindicatos a 24 de Junho
Apesar do calendário apertado, o Ministério da Educação e Ciência convocou os sindicatos para a negociação suplementar sobre a mobilidade especial apenas para dia 24.
Mário Nogueira, da Fenprof, diz que o Ministério da Educação está "a jogar um jogo perigoso". "Se quisessem parar a greve marcavam uma reunião urgente, mas só nos convocaram para a próxima semana. Estão a brincar com o fogo, sabendo dos riscos de criar um problema muito sério, até com a questão do acesso ao superior", afirmou o dirigente, acrescentando: "O Ministério assim está quase a obrigar-nos a marcar greve para a próxima semana".

A Federação Nacional de Educação está fora da greve em curso às avaliações, mas João Dias da Silva não descarta marcar outras: "Não garantimos ao Ministério da Educação que não faríamos mais greves durante os exames para termos essa arma se os objetivos não forem alcançados", diz o responsável. 

Agência de Notícias 

Comentários