As opiniões de Sócrates e Marcelo Rebelo de Sousa


Passos criticado por comentadores de esquerda e direita

José Sócrates voltou a usar palavras como “escavar” e “embuste”, voltou a defender o seu legado, voltou a ignorar António José Seguro, mas inovou no seu comentário na RTP, ao levar um vídeo de jornalistas irlandeses espantados por Vítor Gaspar não criticar a austeridade. O episódio serviu para o antigo líder socialista argumentar que o ministro das Finanças está ao serviço da troika.
 
Pedro Passos Coelho e Paulo Portas criticados por comentadores  

Tudo começou depois de um ex-responsável do Fundo Monetário Internacional (FMI), Ashoka Mody, ter admitido erros na receita de austeridade posta em prática na Irlanda. Segundo Sócrates, os responsáveis irlandeses aproveitaram a “boleia” desta crítica, mas Vítor Gaspar defendeu as virtudes da austeridade. Na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “não é fácil compreender” por que razão o Governo enviou esta semana uma carta à troika sem a mostrar ao PS. E antecipou que o primeiro-ministro “só perceberá na noite das eleições” o problema da falta de diálogo com António José Seguro.
Sócrates exibiu então um vídeo da televisão irlandesa RTE, em que o jornalista conclui que Gaspar é o ministro das Finanças da troika. Uma ideia reforçada pelo antigo primeiro-ministro, dizendo que em pouco tempo os jornalistas irlandeses perceberam como Vítor Gaspar é mais “um ministro da troika” do que alguém que defende os interesses de Portugal.
O antigo primeiro-ministro voltou a criticar a insistência na austeridade, defendendo que os “cortes de despesas vão ter efeito no desemprego e na economia”. Sobre a carta que Pedro Passos Coelho enviou à troika de credores internacionais a comprometer-se com medidas para compensar o chumbo do Tribunal Constitucional a quatro normas do Orçamento do Estado para 2013, Sócrates lamentou que António José Seguro não tenha sido informado previamente. “Veio-me à memória o PEC IV”, ironizou Sócrates, sobre o caso que levou Passos Coelho, então líder da oposição, a romper com o líder socialista alegando não ter sido informado sobre as medidas que o então primeiro-ministro estava a preparar.
À jornalista Cristina Esteves, na RTP, Sócrates, disse que a remodelação do Governo “não resolveu nenhum problema” e afecta “a coesão do Governo”, uma vez que já neste domingo o CDS pediu uma remodelação mais completa, pela voz de António Pires de Lima.
“O CDS está a subir a parada. Já não é substituir o ministro da Economia, quer que o ministério tenha o mesmo peso das Finanças. O CDS quer uma mudança nas políticas”, analisou Sócrates, que, no entanto, também foi muito crítico das posições dos centristas.
Acusando o CDS de querer estar ao mesmo tempo dentro e fora do Governo, Sócrates falou de uma posição que “está muito próxima do oportunismo político”. E usou uma metáfora para qualificar Paulo Portas, comparando-o a um bailarino: “Só espero que não seja um bailarino que tropeça nos próprios pés.”
José Sócrates considerou ainda que a “Europa está com uma doença ideológica” e que é “o momento de dizer basta à Alemanha”. “Lamento que os países do Sul não se juntem para reivindicar o que é essencial. Temos de mudar os tratados”, disse o ex-líder socialista, para quem o Banco Central Europeu deve ter um papel mais interventivo na economia e não estar “apenas preocupado com inflação”.

Passos tem pouca paciência para Portas e "nenhuma para o PS"
Marcelo Rebelo de Sousa disse que “não é fácil compreender” por que razão o Governo enviou esta semana uma carta à troika sem a mostrar ao PS. E antecipou que o primeiro-ministro “só perceberá na noite das eleições” o problema da falta de diálogo com António José Seguro.
Na TVI, o comentador afirmou que “Passos Coelho está mal com a sua teimosia de não passar cartão” ao líder do PS. E considerou também que Passos Coelho “tem pouca paciência”, tanto para Seguro, como para o líder do CDS, Paulo Portas.
Marcelo Rebelo de Sousa classificou ainda a saída de Miguel Relvas e a entrada de dois novos ministros como parte de “uma remodelação às pinguinhas”, notando que poderão ocorrer mais substituições este ano.
A este propósito, afirmou que o primeiro-ministro “não foi aparelhista” nas escolhas dos novos governantes e que esse foi um “aspecto positivo” da mudança, que não resolveu o que considera serem alguns dos actuais problemas do executivo, nomeadamente o "problema económico" e o "problema político".
Acrescentou ainda que Marques Guedes, o novo ministro dos Assuntos Parlamentares, pode ser um elemento “de diálogo como o PS”.


Agência de Notícias

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