Polícia multa motoristas da Vimeca no Alegro de Alfragide

Motoristas recusam transporte por terem de pagar multas

Cerca de uma dezena de motoristas da rodoviária Vimeca estiveram ontem concentrados junto ao centro comercial Alegro de Alfragide, em Oeiras, em protesto contra o pagamento de multas da polícia, que considera ilegal o transporte naquele local. A empresa nada disse até agora. Noutro prisma, a empresa já tinha ameaçado, e parece que vai concretizar, a denúncia do passe social, já a partir de Abril. O BE quer mais explicações.

Motoristas protestam multas que são alvo em Alfragide 

Em declarações à agência Lusa, o dirigente da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS) Fernando Fidalgo explicou que a transportadora rodoviária Vimeca tem um acordo com o Alegro de Alfragide para servir os clientes do centro comercial, mas os motoristas estão a ser autuados pela polícia porque os autocarros não cumprem os requisitos legais para efetuarem este tipo de transporte.

"Estamos a falar de multas de 640 euros que têm de ser pagas do próprio bolso dos motoristas, porque a empresa recusa-se a assumir a responsabilidade", disse o sindicalista.
A primeira vez que a situação ocorreu foi em Dezembro, mas os trabalhadores acharam que tivesse sido um episódio pontual. Esta segunda-feira o caso repetiu-se e foram multados três motoristas, referiu.
"Estas multas estão a ser bem passadas, a polícia está a fazer o seu trabalho. Há uma clara infração porque os autocarros não têm tacógrafos, os motoristas não estão identificados e estamos a falar de um transporte que, pode dizer-se, é clandestino", frisou Fernando Fidalgo.
Perante a situação, os motoristas exigem que a Vimeca e a administração do centro comercial Alegro regularizem a situação. Caso contrário, os trabalhadores prometem não continuar com o transporte.
"A estratégia que a empresa está a adotar é substituir os motoristas por outros em vez de legalizar a situação, mas por isso é que estamos aqui para denunciar o que se está a passar e apelar aos motoristas para que não cumpram as ordens da empresa e não corram o risco de terem de pagar as multas", acrescentou.
Os motoristas concentraram-se ontem à tarde junto ao Alegro de Alfragide à espera de serem recebidos pela administração do centro comercial para apelar à resolução do problema e regularização do transporte.
A Lusa tentou obter esclarecimentos junto da empresa Vimeca mas tal não foi possível até ao momento.

BE pede esclarecimentos sobre o fim do passe social na Vimeca e Scotturb
O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda pediu esclarecimentos ao governo sobre o anúncio da saída da Vimeca e da Scotturb do passe social.
Em comunicado, o BE exige ao governo medidas para pôr termo a “situações como esta e para inverter a política de transferir para os utilizadores os custos da rede de transportes”.
O BE defende que a “decisão destas empresas representa um ataque sem precedentes ao passe social, com consequências diretas para os cidadãos e cidadãs que necessitam de transportes para as suas deslocações diárias de trabalho e lazer”, sublinha o partido que considera que, “fim do passe social é lesivo para as pessoas e para todo o tecido económico de Sintra e concelhos vizinhos”.
O pedido de esclarecimento surge no seguimento da denúncia da participação da Vimeca no protocolo dos passes intermodais, efetuada a 5 de Dezembro passado, por causa do atraso em pagamentos devidos pelo Estado.
“O atual modelo e sistema dos passes sociais está a conduzir a Vimeca para o caminho da insustentabilidade económica e financeira e os sucessivos atrasos no pagamento pelo serviço social prestado pela empresa agravam ainda mais toda esta situação”, explica a empresa num comunicado divulgado a 25 de Janeiro passado.
Os clientes poderão deixar de usufruir destes títulos nas carreiras operadas pela Vimeca. Em causa estão os passes L1; L12; L123; L123SX; L123MA; L123FS; 012; 023; 123, afirma a empresa que opera transportes públicos coletivos nos concelhos de Lisboa, Oeiras, Amadora e Sintra.
Também a Scotturb, que opera em Oeiras, Cascais e Sintra, optou pela mesma posição da Vimeca.
Assim, a partir do primeiro dia de Abril, os clientes que queiram viajar nos autocarros da companhia passarão a ter de adquirir, em alternativa, um dos passes combinados disponibilizados pela empresa, se nada for mudado até lá.

Agência de Notícias 

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