Urgências lotadas em Almada e Barreiro


Seis horas nas urgências à espera de consulta

Dezenas de doentes passaram, no início desta semana, horas nas Urgências do hospital Garcia de Orta, em Almada, e no Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, até serem atendidos. Em alguns casos, os doentes que se inscreveram no hospital do Barreiro acabaram por procurar consulta em Almada. No mesmo dia, segunda-feira, mais de oito dezenas de trabalhadores da saúde e activistas sindicais da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções “tomaram de assalto” o átrio do Ministério da Saúde, em Lisboa, exigindo melhores soluções para a saúde.


Urgências entupidas em Almada e Barreiro

Isabel Piedade, de 43 anos, foi uma das utentes que tiveram de esperar várias horas para serem atendidas na Urgência do Barreiro. "Sou doente oncológica, dei entrada às 11 horas porque estava com diarreia e vómitos. Tive de esperar cerca de seis horas até ser atendida", escreve o Correio da Manhã.
Na Urgência do Barreiro, Liliana Simões, de 21 anos, queixava-se da demora no atendimento. "Eu já cá tinha estado na semana passada, e o tempo de espera foi tão longo que acabei por me ir embora. Estou com muitas dores, tenho problemas de coluna. Estou cá há duas horas e só me disseram que ainda tenho treze pessoas à minha frente, por isso estou a contar com pelo menos mais duas ou três horas de espera".
A administração do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo reconheceu dificuldades de atendimento no Serviço de Urgências, justificando a situação com o "aumento dos episódios de urgência que recorrem ao serviço" e também com o aumento da permanência de doentes com situações clínicas mais graves em observação.

Assalto ao “ministério da Saúde”
E com os hospitais lotados de gente e de tempo de espera, na segunda-feira, cerca de oito dezenas de trabalhadores da saúde e activistas sindicais da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções (FNSTF)  “tomaram de assalto” o átrio do Ministério da Saúde, em Lisboa, exibindo faixas e bandeiras negras e gritando palavras de ordem contra o governo, sob o olhar atento de agentes da PSP.
Os trabalhadores abandonaram as instalações do ministério após a intervenção da PSP e cortaram aquela artéria da Avenida João Crisóstomo durante algum tempo. Luís Pesca, dirigente da FNSTF, afirmou que os trabalhadores pretendem entregar ao ministro da Saúde, Paulo Macedo, um caderno reivindicativo e pedir o agendamento de uma reunião para negociar as carreiras e vínculos laborais. “Lutamos pelos postos de trabalho e em defesa do Serviço Nacional de Saúde”, afirmou Luís Pesca.
Segundo o dirigente, há mais de um ano que esperam uma reunião com a tutela e nunca obtiveram resposta a esse pedido.
Luís Pesca critica ainda o recurso aos desempregados, sem formação na área, para desempenharem tarefas de trabalhadores a quem não são renovados os contratos a termo. “Esses trabalhadores que estão no desemprego e vão ganhar o subsídio de refeição são dispensados quando termina o contrato de um ano. Depois contratam outros desempregados”, sublinhou o dirigente.

Luta pela “defesa do Serviço Nacional de Saúde”
Uma delegação de trabalhadores entregou à chefe de gabinete do ministro Paulo Macedo um caderno reivindicativo no qual constam a questão dos vínculos, carreiras e horários de trabalho, o abono para falhas, a exigência da formação profissional e a necessidade da revisão e reestruturação das carreiras do Instituto Nacional de Emergência Médica.
Os trabalhadores do sector da saúde, que incluem os administrativos e assistentes operacionais, entregaram ainda uma moção em defesa do Serviço Nacional de Saúde, defendendo a retoma da negociação do Acordo Colectivo de Trabalho para os hospitais com gestão privada (EPE), a regulamentação dos horários de trabalho, o fim da precariedade de emprego e a renovação dos contratos de trabalho.
Guida Rodrigues, 37 anos, trabalha como administrativa há mais 15 anos, no centro de saúde da Amora, no Seixal. A trabalhadora diz que participa no protesto porque o “futuro é incerto e em defesa da saúde pública”.
Outro trabalhador, Carlos Ohen, 53 anos, administrativo há 33 anos no Hospital Garcia de Orta, em Almada, luta pela “defesa do Serviço Nacional de Saúde”.

Agência de Notícias 

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