Milhares protestam com tachos em frente ao Parlamento


“Há 40 mil empresas que vão fechar e 100 mil pessoas que vão para o desemprego”

Algumas centenas de empresários e trabalhadores da restauração manifestaram-se ontem junto à Assembleia da República para reivindicarem a reposição do IVA do setor nos 13 por cento. Esta ação de protesto foi a primeira de um conjunto de iniciativas com as quais os empresários do setor pretendem sensibilizar o poder político para a sua situação económica resultante do aumento do IVA para os 23 por cento no início deste ano.


Centenas de pessoas ligadas à restauração foram protestar a São Bento  

Mais de 3500 empresários e profissionais da restauração, segundo dados da organização do protesto, partiram ontem de todo o país para se manifestarem frente ao parlamento para uma “contestação ao IVA”, que com o Orçamento do Estado (OE) para 2012 subiu para 23 por cento. “Neste momento, a questão fundamental para o sector é que a taxa baixe para os seis por cento”, disse José Pereira, do Movimento dos Empresários da Restauração (MER) e responsável pela organização do protesto.
“É uma questão de sobrevivência, e mesmo que o imposto volte para o valor de há um ano há muitas empresas que não vão resistir”, garante José Pereira. Para o dirigente do MER, sem alterações ao IVA, e só em termos directos, “entre 2012 e 2013 há 40 mil empresas que vão fechar e há 100 mil pessoas que vão para o desemprego”.
 Já no impacto indirecto, “se acrescentarmos os efeitos sobre os sectores que dependem da restauração, estamos a falar de centenas de milhares de pessoas para quem o fim está próximo”, assegura o dirigente. “Esta política vai ter um fim próximo. Estamos a falar da restauração, mas o problema é geral porque mais de 90 por cento das empresas em Portugal são de pequena ou média dimensão que não vão aguentar esta política recessiva”, prevê o dirigente.

Empresários ameaçam não fornecer hospitais e prisões

Setor quer redução imediata do IVA de 23 para 6 por cento 
Desiludidos com o panorama fiscal para o próximo ano, os empresários da restauração pretendem agora voltar-se para os deputados, na tentativa de reverter no parlamento a aprovação do actual OE. “Vamos, olhos nos olhos, perguntar-lhes se foi isso que nos prometeram quando foram aos nossos restaurantes pedir-nos o nosso voto. Eles mentiram-nos, e se agora assistirmos ao segundo acto” – a aprovação do próximo OE –, “isto vai ser diferente.” Durante o discurso no palco improvisado ao fundo da escadaria da Assembleia da República, José Pereira deixou uma ameaça velada ao governo, ao dizer que, “se quisermos, este sector pára o país”.
Questionado sobre a concretização da ameaça, José Pereira explicou que os profissionais da restauração estão “a meio de uma maratona e começam a ter consciência de que não têm futuro e terão de fechar as portas”. E se, até à aprovação do Orçamento, prevista para o último dia de Outubro, “esta unidade se alargar”, poderão “deixar de fornecer hospitais, prisões, etc.” “Aí, garanto-lhes, o problema é resolvido numas horas”.
Ao contrário da noite anterior, em que  alguns manifestantes causaram distúrbios ao tentar invadir o Palácio de S. Bento – e de que resultaram 11 feridos, dos quais dez agentes da PSP – a manifestação do MER decorreu com muito barulho mas sem incidentes.


Agência de Notícias 

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