Enfermeiros a ganhar 300 euros/mês
São cerca de 150 os enfermeiros contratados para os centros de saúde de Lisboa e Vale do Tejo a empresas de recursos humanos por quatro euros à hora. Os números foram avançados por Alexandre Tomás, da Secção Regional Sul da Ordem dos Enfermeiros, que denunciou o facto de esta situação ter provocado ontem o caos em algumas unidades de saúde.
Desde ontem alguns enfermeiros passaram a ganhar 3.96 euros/hora |
3,96 euros à hora. Este é o valor que será pago aos enfermeiros contratados a partir de Julho por empresas de prestação de serviços para trabalharem nos centros de saúde da região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo o Diário de Notícias.
Pelas contas do Sindicatos dos Enfermeiros, feitos os descontos, se estes profissionais trabalharem sete horas por dia não receberão mais de 300 euros por mês. Muito menos que o ordenado mínimo nacional.
Até agora, os enfermeiros contratados através de empresas de prestação de serviços recebiam 6 euros à hora. João Vilaça, administrador da MedicSearch, uma das empresas que venceu alguns dos concursos lançados pela Administração de Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, afirma que "os preços desceram 45 por cento em relação ao caderno de encargos do concurso anterior".
Ao DN, o presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo garantiu desconhecer os valores pagos, acrescentando: "Nós não contratamos enfermeiros, mas serviços de enfermagem", disse.
Mais tarde, em comunicado, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) anunciou que a prestação de serviço de enfermagem foi adjudicada a um preço que variou entre os 4,77 e 5,19 euros. No mesmo documento, a ARS-LVT refere que o valor-base em concurso era de 8,50 euros e que a maioria das empresas apresentou valores muito inferiores. A mesma entidade acrescenta que a legislação em vigor obriga a contratar pelo preço mais baixo apresentado.
"O valor global adjudicado pela ARS-LVT é de 282 344,47 euros para 4447 horas [para três meses]", referiu fonte da Administração Regional, citada pelo jornal Correio da Manhã.
Para Alexandre Tomás, o Governo está a fomentar a precariedade dos enfermeiros e as empresas contribuem para tal ao apresentarem preços baixos.
O bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Germano Couto, considera um "escândalo" este tipo de contratação e apela aos profissionais para que "não aceitem" essas propostas.
Uma das empresas responsáveis pela colocação de enfermeiros a menos de quatro euros por hora no Serviço Nacional de Saúde considera que os concursos públicos deviam ser anulados.
Em declarações à TSF, o administrador da MedicSearch diz que esta anulação deveria ser feita para promover pagamentos dignos e culpa o Estado pelos baixos valores pagos.
João Vilaça Ramos disse estar “revoltado» com esta situação e explicou que se deve perceber que a «metodologia utilizada está completamente errada”.
“Façam concursos bem feitos sem ser com documentos Word sem serem assinados atabalhoadamente no final do mês quando tiveram muito tempo para fazer isso”, adiantou.
Este administrador adiantou ainda que seriam rejeitadas todas as propostas que propusessem valores 50 por cento abaixo dos 8,5 euros por hora “por serem anormalmente baixas”.
Agência de Notícias
Comentários
Enviar um comentário