Operação Remédio Santo desmantela teia de burlões



Dois médicos em burla de 50 milhões de euros

Há dois médicos entre os dez detidos pela PJ, ontem, por uma burla que terá prejudicado o Estado em mais de 50 milhões de euros, e doentes: certos medicamentos eram exportados e, por cá, esgotavam.

Esquema burlou estado em 50 milhões de euros 


Um médico e uma médica de família que trabalham em Cabeceiras de Basto, quatro delegados de informação médica dos laboratórios Bial e outro de um laboratório  por identificar, dois armazenistas de medicamentos, um dos quais com instalações em Pombal, e um décimo indivíduo que fazia a ligação entre todos. Foram estes os alvos da operação "Remédio Santo", da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da Polícia Judiciária, com buscas e detenções no Norte e no Centro do país.
Os detidos são suspeitos de crimes de burla qualificada, falsificação de documentos e corrupção. Tanto prejudicavam o erário público como os utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Segundo fonte policial, "o prejuízo do Estado pode ascender a mais de 50 milhões de euros", pois este comparticipava várias vezes as mesmas embalagens de medicamentos, que eram escolhidos pelos suspeitos por serem muito caros - na ordem das centenas de euros - e terem comparticipações até 95 por cento.
Já os utentes do SNS eram lesados diretamente, porque "certos medicamentos essenciais" acabavam por ser exportados para outros países e chegaram a esgotar nas farmácias portuguesas, informou o Ministério da Saúde, que emitiu um comunicado, ontem à tarde, para manifestar o seu "agrado" pela "operação de grande envergadura" da PJ. O inquérito-crime é tutelado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal do Ministério Público.

Burla originou falta de medicamentos
A burla começaria com os médicos de Cabeceiras de Basto, este uma figura conhecida da localidade por se passear de Porsche Panamera, que foi detido em Árvore, Vila do Conde, onde tem uma casa de férias. O Ministério da Saúde confirmou que os médicos suspeitos receitavam os medicamentos em nome de utentes do SNS que não precisavam de os tomar e que eram alheios a tais prescrições.
Depois, os medicamentos eram aviados nas farmácias, o que obrigava o Estado a pagar as respetivas comparticipações, e regressavam aos armazenistas. Dali, os mesmos medicamentos voltavam a seguir para as farmácias portuguesas, ou eram exportados para outros países. A exportação verificou-se, por exemplo, com um medicamento para a doença de Alzheimer que, recentemente, faltou a alguns pacientes portugueses.

Agência de Notícias 

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