Teatro de Animação de Setúbal sai de Palco


Sem dinheiro e sem salas… fazer bom teatro é impossível

A companhia artística profissional Teatro Animação de Setúbal (TAS) vai suspender a atividade por insuficiência financeira proveniente da falta de apoios da administração central e do atraso no pagamento apoio atribuído em protocolo anual com a autarquia de Setúbal. Carlos Curto, diretor do TAS, não vê qualquer resolução para inverter o suspender da atividade, mas pretende “voltar a dar o cariz nacional à companhia”.

TAS suspende teatro por causa de falta de verbas 

"Apesar das dificuldades financeiras e consequentes instabilidades pessoais, estreámos uma peça em março - Pandora Boxe. No entanto, já ultrapassámos todos os limites e não queremos prescindir das condições necessárias para garantir um trabalho com qualidade, coerência e dignidade que, reconhecidamente, temos oferecido à população ao longo de todos estes anos", sublinha um comunicado do TAS.
“O TAS trabalhou até ao limite da sustentabilidade, mas há situações que uma companhia profissional não pode admitir”, diz Carlos Curto, criticando “o facto de não haver em Setúbal locais adequados para produções artísticas de qualidade”.
Apesar de não ter conhecimento de qualquer queixa por parte dos espetadores, o diretor do TAS reconhece que “há erros que o público pode perdoar nas companhias amadoras, mas não nas profissionais” como o Teatro Animação de Setúbal que “tem muitas vezes, de atuar em locais emprestados sem condições”.
A inauguração do requalificado Fórum Luísa Todi está prevista para setembro, mas nem tal local pode fazer com que “o TAS volte a exercer atividade no concelho”. “O Fórum Luísa Todi tem a sua direção artística e não pode ser visto como um espaço onde o Teatro Animação de Setúbal tenha as suas produções asseguradas sem negociações”, refere Carlos Curto.
Nestes anos a companhia de Setúbal têm andado com a casa às costas. “O Teatro de Bolso está fechado à espera de obras, o Fórum Municipal Luísa Todi encontra-se em obras, e qualquer outra alternativa como as que temos vindo a utilizar – Convento de Jesus, Museu do Trabalho, Casa Bocage, Cinema Charlot ou Teatro Fontenova – são efémeras, precárias e não permitem rentabilizar a nossa actividade de forma continuada e efectiva”, diz Curto.

Câmara de Setúbal deve 153 mil euros ao TAS
O diretor compreende o atraso no pagamento de 153 mil euros proveniente da câmara municipal “devido às imensas dificuldades financeiras que todas as autarquias sentem atualmente”. Com o não pagamento da autarquia e “os cortes de 100% por parte da Secretaria de Estado da Cultura que, em 2012, simplesmente decidiu não abrir Concurso às Artes”, levaram o TAS à rotura. As candidaturas de apoio anual e pontual ficaram sem efeito até nova decisão do governo.
Sobre os 14 trabalhadores que exercem funções na companhia artística, “que já têm cinco meses de salários em atraso”, o diretor do TAS revela “os constrangimentos sentidos por todos, derivados da situação financeira que já não podia ser tolerada”.
Para o diretor do TAS “é preciso alargar os horizontes da companhia mas, sem dinheiro para deslocações, tal é impossível no futuro próximo”. O Teatro Animação de Setúbal tinha em cena, desde março, a peça “Pandora Boxe”, mas esta será cancelada por “não haver condições financeiras para garantir um trabalho com qualidade”, declara Carlos Curto.
O TAS- Teatro Animação de Setúbal, companhia de teatro profissional desde 1975,  desenvolve uma actividade regular na cidade, região, distrito de Setúbal e no país, Entidade de Utilidade Pública, Medalha de Mérito da cidade de Setúbal e Membro Honorário da Ordem de Mérito, encontra-se, em 2012 numa situação financeira difícil e com atividade suspensa até “existir uma solução”.

Agência de Notícias 

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