Carnaval de Pinhal Novo

Carnaval de Pinhal Novo sem dinheiro mas... muita animação

O Carnaval caramelo – em Pinhal Novo – é assim: uma festa imensamente popular. Não é de vedetas brasileiras nem tem estrelas das academias nem sequer actores como bombos da festa. No Pinhal Novo não há nem reis nem rainhas e muito menos apoios da autarquia, mas há sempre uma grande festa. É o que garante os Amigos de Baco que organizam dois desfiles (domingo e terça) e dois grandiosos bailes de Carnaval (hoje e segunda-feira). E ainda há tempo para que quarta-feira de cinzas se cumpra, como sempre, o enterro do bacalhau que na vila de Pinhal Novo se chama simplesmente José Maria.

Corso está na rua domingo e terça-feira


Em Pinhal Novo, o Carnaval é animado pela força e pela vontade dos Amigos de Baco. Com mais ou menos dinheiro, a vontade é sempre a mesma. Fazer dos dias de Carnaval, uma folia intensa. E, como quem não quer a coisa, o Carnaval trapalhão da vila já é um cartaz imenso nos roteiros carnavalescos da Grande Lisboa. Este ano, pelo terceiro ano consecutivo, o Carnaval sai há rua também ao domingo. Certo, sem as grandes multidões de outros carnavais de outros tempos mais abonados, mas quem vem dá a tarde por bem passada. “O país precisa de rir, precisa de momentos de descompressão e por isso estamos aqui a divertir os outros e, sobretudo, a diverti-nos a nós mesmos”, dizia uma menina mascarada de espantalho durante o desfile do ano passado. Este ano, certamente, o mote será o mesmo.
Mas há uma diferença. Este ano a Câmara de Palmela e Junta de Pinhal Novo cortaram os apoios e o Carnaval ficará mais pobre e com um corso muito mais pequeno. Para dar a volta à situação, os Amigos de Baco recorreram a um peditório junto da população e do comércio local. E assim, contra tudo e contra todos, o corso sai à rua no centro da vila no domingo e terça-feira sempre às 15h30. E terá, como sempre teve, entrada livre.
A falta de ajuda das autarquias “não mata mas mói” e no entender de Rute Moreira, a presidente dos Amigos de Baco, “põe em causa a qualidade dos festejos”. Mas o Pinhal Novo falou mais alto e uniu-se para que “não se deixe morrer uma velha tradição da terra”.

O cortejo trapalhão

Criatividade é imagem de marca do Carnaval 


Hoje e segunda-feira, às 21h30 há bailes de Carnaval no Salão dos Bombeiros. Hoje com Susana Vinagre a abrilhantar e, segunda-feira, com Sara Pessoa para animar a malta em tempos de crise.
Ao corso oficial junta-se centenas de pessoas do Carnaval trapalhão. Aqui a imaginação e as engenhocas é quem manda. As cantigas de escárnio e maldizer são evidentes. “É isto que dá vida e alma ao Carnaval de Pinhal Novo, porque há sempre uma imaginação digna de ser vista”, diz Ana Rita que irá vestir-se de enfermeira “malandra” durante estes dias.
São mais de cem foliões vindos da Lagoa da Palha, Palhota, Pinhal Novo, Fonte da Vaca, Terrim e outras localidades vizinhas que prometem grande brincadeira.

Enterro do bacalhau na quarta-feira

Os cinco dias de folia em Pinhal Novo que são vividos com a intensidade que os Amigos de Baco entendem e desde de 1992 (então um grupo de amigos da Tasca do Xico) organizam os desfiles e na quarta-feira de cinzas matam o bacalhau – que em Pinhal Novo se chama José Maria  –  lá para as tantas da noite no coração verde da vila: o Largo José Maria dos Santos. Há enterro, ladainha, uma viúva a chorar a triste perda e, claro, um testamento que promete este ano distribuir muita “merda” aos ilustres da terra... no final ninguém levará a mal...



Paulo Jorge Oliveira 

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