Utentes "protestaram" na Baixa da Banheira

Utentes da Linha do Sado querem melhor serviço

Mais de duzentos utentes da Linha do Sado estiveram na última quinta-feira, na Baixa da Banheira, a protestar contra a decisão da CP retirar o Intercidades e o Regional para Faro da linha do Sado. Os utentes denunciaram ainda o incumprimento dos horários e supressão de comboios; o não funcionamento de elevadores; a não existência de vigilância nocturna, facilitando o vandalismo e originando insegurança dos utentes; a ameaça de novos aumentos dos preços; a ausência de higiene e limpeza nos apeadeiros; a contínua ameaça de privatização da Linha. As mais de duas centenas de pessoas efectuaram um corte (ainda que simbólico) da linha e exigem respostas.

Utentes reivindicam melhorias na linha do Sado  


A Comissão de Utentes da Linha do Sado entende mesmo que a medida de retirar o Intercidades e o Regional para o Algarve é uma antecâmara para a intenção do governo em “privatizar o sector ferroviário”. Américo Leal, presidente desta comissão, adianta que, “para além das populações, o fim destes serviços ferroviários vão afectar as entidades empregadoras de Setúbal”.
A Comissão de Utentes da Linha do Sado esteve no passado dia 15 de Dezembro, numa acção de protesto na Baixa da Banheira, com o apoio da junta local. No dia, foi efectuado um corte simbólico de linha ao comboio das 17,31 horas procedente de Barreiro com destino a Praias do Sado durante cerca de 5 minutos. Durante este tempo foi lida uma moção que foi aprovada por unanimidade e aclamação a ser enviada à CP-Comboios de Portugal EPE, Ministro da Tutela, Grupos Parlamentares, Órgãos Autárquicos e Comunicação Social.
Da moção aprovada, realce para a continuação da exigência da reposição dos comboios regionais no eixo Setúbal-Tunes-Setúbal e a passagem do Intercidades por Setúbal e melhoria das condições de funcionamento dos elevadores nos apeadeiros entre Barreiro e Penteado, geridos pela CP/Lisboa. De acordo com a Comissão de Utentes, “os passageiros do comboio envolvido no corte de linha, foram informados desta acção de luta e mostraram-se solidários com as reivindicações”.

As “exigências” dos utentes

Américo Leal verifica que “se não fosse a competitividade de preços fornecida pela CP à Fertagus na linha do Sado, os preços aumentariam bastante”. De acordo com a moção aprovada, os utentes dizem que há “incumprimento dos horários resultantes de insuficiente manutenção do material circulante e da existência em funcionamento de apenas três unidades motoras quando são indispensáveis quatro”. Refere ainda a moção que os “elevadores que com frequência não funcionam, privando grande parte dos utentes e das populações da sua utilização, criando, inclusivamente, uma situação impeditiva de aumento do número de utilizadores do transporte ferroviário”, e ausência de limpeza dos apeadeiros de Baixa da Banheira e Penteado, bem como a falta de vigilância nocturna causadora de receios nos utentes e a permitir os frequentes roubos de varandins de protecção da linha e outros materiais (que são pertença do Estado), possibilitando atravessar a linha a pé para mudar de cais de embarque, com evidentes riscos de atropelamento”.
Na acção de protesto estiveram, ainda, o presidente da Junta de Freguesia da Baixa da Banheira, a vereadora da Câmara da Moita, Viviana Nunes, e representantes do PCP e do Partido Ecologista “Os Verdes”.


CP paga Dezembro no dia 30

Este parece ser um final de ano difícil para os trabalhadores da CP. Ao contrário que sempre fez, este ano a empresa não vai pagar os salários antes do Natal. E porque? "Problemas de tesouraria impedem a empresa de pagar os salários antes do Natal como o fazia habitualmente atendendo à época", diz a empresa.
Assim, os salários serão pagos no último dia útil do mês, como todos os meses, já que a empresa dará prioridade a pagamentos aos fornecedores e ao Fisco e à Segurança Social.
Apesar de reconhecer que "havia a expectativa por parte dos trabalhadores de receber agora", o coordenador do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário não se manifesta preocupado com a decisão e recorda que "já tinha acontecido antes". José Manuel Oliveira considera que se trata de "uma dramatização em torno da CP que visa levar os trabalhadores a resignarem-se". A preocupação central é com a situação difícil da empresa, sobretudo com "os elevados custos da dívida que já ultrapassam os 70 por cento”.
Para a CGTP esta situação acaba por se traduzir "numa atitude chantagista" na sequência da greve geral do dia 24 de Novembro e da denúncia dos cortes e das greves, entretanto marcadas, dos maquinistas da CP nos dias 23, 24, 25 de Dezembro e 1 de Janeiro que, de acordo com a empresa, terá um prejuízo de cerca de 2,5 milhões de euros.



Paulo Jorge Oliveira

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