A Boa Notícia

Para que os outros vivam! 

Os seis pescadores das Caxinas, Vila do Conde, fintaram a morte numa pequena balsa salva-vidas depois do naufrágio do seu barco de Pesca, “Virgem do Sameiro”, no mar alto. Ontem foram resgatados a 12 milhas da costa, a noroeste do Cabo Mondego, por um helicóptero da Força Área Portuguesa que saiu de Montijo para uma missão de rotina. A embarcação tinha saído dos radares na terça-feira e os familiares começavam a duvidar que se encontrassem vivos. No bairro piscatório de Vila do Conde, as lágrimas são agora de alegria e de esperança. É que as gentes de Caxinas estão cansadas de chorar as mortes no mar. Esta foi uma história de final feliz e uma boa notícia que correu mundo. 

Caxinas nunca esquecerá a Esquadra 751, de Montijo

Era um dia como todos os outros na Base Aérea N.º 6, no Montijo. Localizada na margem esquerda do Rio Tejo, as origens desta unidade datam de 1953, com a criação do Centro de Aviação Naval Sacadura Cabral. Do comando de operações, esta sexta-feira, saiu uma nova missão para os militares. Uma operação normal, de rotina até, com a saída de mais um helicóptero. No caso, o EH-101 Merlin, aeronave que tem como objectivo o transporte, busca e salvamento, vigilância e reconhecimento do espaço nacional.
Na aeronave viajavam quatro militares: o piloto comandante, tenente Amaral, um co-piloto, um operador de guincho e um recuperador de salvamento. A missão da Esquadra 751 era clara: uma acção de fiscalização de pescas na costa portuguesa. Uma operação normal.
Partiram bem cedo do Montijo em direcção a Norte, sempre pela costa portuguesa. Durante o voo receberam uma comunicação adicional: o alerta para a possível detecção da embarcação de pesca ‘Virgem do Sameiro’, composta por seis pescadores, que estavam desaparecidos desde a passada terça-feira. 
A comunicação foi recebida, mas o tempo, esse, era curto. As esperanças de encontrar com vida os seis tripulantes oriundos das Caxinas eram poucas. Mas nada é dado como perdido na vida militar. A Esquadra 751 é a fiel depositária das tradições de busca e salvamento na Força Aérea Portuguesa, contando já com mais de 2500 vidas salvas na sua história. Mas os números aumentaram na manhã de ontem. 

Mais de 60 horas à deriva 

Depois de 60 horas no mar, pescadores regressaram a casa 
Eram 11.03 horas quando foi avistado uma balsa salva-vidas, a cerca de 30 km a Noroeste da Figueira da Foz. Reacendeu-se a luz de esperança e ali estava o que todos procuravam.
Procedeu-se de imediato à operação de resgate, dez minutos depois, vindo a confirmar-se no decorrer da mesma que no interior da balsa se encontravam os seis pescadores, com vida. Um a um foram retirados para o interior do helicóptero onde receberam os primeiros cuidados devido a sinais de hipotermia. Viveram-se momentos de ansiedade mas o momento era de felicidade.
Ao longo de mais de 30 anos de história, a Esquadra 751 já executou mais de 40 mil horas de voo (10 mil das quais com a aeronave EH-101 Merlin), mas estas foram horas de felicidade que ficarão para sempre gravadas na memória dos militares que intervieram na operação.
Assim que foram avistados e resgatados os tripulantes, o piloto comandante comunicou com a Base Aérea mais próxima: a unidade n.º 5, de Monte Real, onde, à chegada, já estavam preparadas equipas médicas do INEM para transportar os seis pescadores até ao Hospital de Leiria. Refira-se que a acompanhar toda a missão esteve a aeronave C-295M, operada pela Esquadra 502, que desde o dia 1 de Dezembro foi empenhada na missão de busca e salvamento à embarcação Virgem do Sameiro. Esteve mais de 9 horas no ar à procura dos homens perdidos no mar.
Sentimento de dever cumprido, não só para os quatro militares da operação, como para os 100 que compõe a Esquadra 751 e que trabalham para que a mesma tenha, 24 horas por dia, tripulações de alerta permanente na Base Aérea do Montijo, nº6, uma tripulação e respectiva aeronave na Base do Porto Santo e, pelo menos, uma tripulação e um helicóptero na Base Aérea das Lajes, Ilha Terceira, Açores.
Acima de todo o trabalho, da dedicação das forças empenhadas no sucesso de mais uma missão, a Esquadra 751 cumpriu com o seu lema ‘Para que os outros vivam’. A história, com final feliz, deixa todos orgulhosos, em especial as famílias dos pescadores, as quais, depois dos dias de angústia por que passaram, certamente nunca irão esquecer o milagre dos sobreviventes de Caxinas.

Agência de Noticias 

Comentários